Que dificuldade que eu tenho. Sempre tive uma sensação horrorosa ao lidar com o cacique aqui da área. E hoje eu consegui o adjetivo que eu tanto procurava. Ele é a pessoa mais esculhambada que eu já tive notícia. Ele é despenteado, os ternos são maltrapilhos, ele funga, ele estala os dedos, ele tem cara de cansado. Ele é uó. Uma esculhambação completa, diria meu pai.

Quando eu entrei na firma, fiquei com o computador que era dele. E vejam vocês, ele deixou um arquivo em word no qual ele tentava entubar um super e maravilhoso projeto tabajara em uma empresa qualquer. Ou seja: ele usava o tempo útil da firma para tocar seus projetos pessoais. É verdade que eu faço isso, todo mundo faz. Só que caciques precisam ser espertinhos o bastante para fazer sem que ninguém perceba, suponho.

E agora há pouco ele falava com o síndico do prédio sobre a reunião do condomínio. Disse que chegaria em 20 minutinhos. Não pode senhor diretor. Não pode. Eu não posso saber que o senhor frequenta reunião de condomínios. Eu não posso imaginar você aprovando cotas extras para melhorias na garagem. Não posso.

E este cacique tem uma secretária que eu vou contar pra vocês. Disus! Hoje, por exemplo, ela estava inteirinha vestida de uma roupa de lycra de tie dye rosa com nuances de pink. Ela tem uns dois metros de cabelo, e estava hoje, quase aos berros, discutindo com a Suelen, coordenadora da escola de Cauã, seu filho, alegando que ele precisa ir para um nível mais avançado no inglês. Realmente. Não sei como esse povo não tem vergonha de fazer isso no trabalho. Por Deus.

Ah, e tem também um cara que eu respeito, um dos poucos, chefe de tribo financeira, que passa o dia a orçar azulejos para a piscina que ele está construindo. Parece que reformou a casa inteira. Agora só falta o fogão.

As pessoas estão muito mais preocupadas com outras coisas do que com o trabalho efetivamente. E isso começa no topo da cadeia. Aí, quando eu sento numa mesa de reunião com essa cambada, eu simplesmente não consigo. Não consigo.


Vamos resumir é o que eu escuto. Vamos resumir então. Reunião de condomínio, afinal.

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Essa história de computador me lembrou de um amigo que largou o emprego num daqueles auges de stress. Resolveu mudar de carreira porque não aguentava mais trabalhar 12 horas por dia, 7 dias por semana. Aí escreveu um texto falando do quanto era insuportável trabalhar lá e bla bla bla. Parece que o cara que entrou no lugar dele (e usou o mesmo computador), chegou a ler o tal texto antes dos 3 meses que aguentou na função.

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