|Ana Luiza| diz:
almocei no mcdonalds
|Ana Luiza| diz:
promoção do mcduplo
[Constança] diz:
EU TAMBÉM!!!!
[Constança] diz:
A MESMA COISA!
|Ana Luiza| diz:
pq eu teimo em acreditar que esse engorda menos
|Ana Luiza| diz:
nao comia la tinha milanos
[Constança] diz:
engorda menos nada.
|Ana Luiza| diz:
post no lance
[Constança] diz:
ok.
|Ana Luiza| diz:
http://lixomania.zip.net/
|Ana Luiza| diz:
será que algum nerd vai dar um template de presente pra gente?
[Constança] diz:
eu quero pedir para a julia, a defensora dos golfinhos.
[Constança] diz:
mas ainda estou esperando "pegar amizade"
[Constança] diz:
ela é boa, e é nerd.
[Constança] diz:
otima pessoa
|Ana Luiza| diz:
manu respondeu meu email
|Ana Luiza| diz:
ótimo
[Constança] diz:
ela está bem?
|Ana Luiza| diz:
fale, minha querida...

diga-me suas encomendas e te direi quem és.

beiço,

m.
|Ana Luiza| diz:
nossos textos nao merecem aquele verde
[Constança] diz:
não.
|Ana Luiza| diz:
é muito desmotivante
[Constança] diz:
é.
|Ana Luiza| diz:
ontem era seu dia
[Constança] diz:
escrevo hoje.
|Ana Luiza| diz:
vc sempre escreve nos meus dias. ai amanha vai ser seu dia e vc nao vai escrever de novo.
[Constança] diz:
eu me perco. nunca sei direito se é meu dia ou seu.
|Ana Luiza| diz:
você não aprendeu a diferença entre pares e ímpares?

Esse blog começa a me dar uma certa canseira. Não sei se é esse verde, esse template sem personalidade, não sei o que é. Sei que já perdeu um pouco do brilho e da euforia inicial. Queria um template bonito, fino, de bom gosto. Não queria um blog com cara de blogger. Podíamos lançar um concurso: faça um template e concorra a brindes. Alguém se habilita?

Bom, ontem o Alan Pierre saiu. A Irislene Steffanely ficou. E assim é a vida. Feita de escolhas populares. Todo o tempo.
A Flávia, a tal garota vítima desse blog, tá na minha residência. Ela chegou antes de mim e trancou a porta. Já cheguei tendo que tocar a campanhia da minha própria morada. Um absurdo.
Tínhamos fome. E eu, dona de casa que sou, havia comprado verduras e legumes para uma sopa. E enquanto a gente descascava cenoura, batatas e chuchus, a Flávia, aquela que dá ordens à Teresa Cristina, me fala: Aninha, no caminho pra sua casa eu vi um anúncio do Pizza Hut. Dois absurdos.
Depois eu queria ver Big Brother. A Flávia, aquela da Pizza Hut, não vê Big Brother. Ela só viu a primeira casa dos artistas. E não me deixava ver o Big Brother. Perguntava o tempo todo. Pedia manga em pedacinhos. Três absurdos.
Perguntava porque as pessoas se apaixonam tanto em tão pouco tempo. Falava em princip. Queria o princip. E eu sem princip.

Só tenho uma coisa a dizer: uhunoviguaçu.

Existe um plano maligno no meu trabalho. Um plano para congelar a redatora. Eles devem pensar que se eu estiver com frio, sei lá, eu posso raciocinar melhor, me concentrar, whatever. Eu reclamo há meses. Ninguém faz nada, nada. Uns riem, meio que concordando, uns fingem que eu nem estou ali. Meus dedos ficam roxos, eu juro. A saída de ar fica em cima da minha cabeça e, enquanto as demais meninas podem desfilar as suas blusas sem mangas e vestidinhos variados, tudo o que me resta é lançar mão dos meus bons e velhos casaquinhos e ficar encapotada.

Então, agora eu trabalho de luvas. Lá fora, o sol queima a mufa dos cariocas, brilha. Pessoas enchem as praias. Dentro da empresa, eu, agasalhada, com luvas e casaquinhos. Reclamando, of course, porque isso eu faço mesmo. Minhas luvas são uma forma de protesto, um protesto silencioso. Atrapalham a digitação, fica até meio ridículo. Fazer o que? Ninguém faz nada. Hoje, meu co-worker, sensibilizado com minha situação, me ofereceu o casaco. Só que eu já estava com dois casacos, e mais as luvas. Então eu disse que o que eu queria, o que eu queria mesmo, é que consertassem o ar, sei lá, fizessem com que ele fosse distribuído de forma igualitária por todas aquelas pessoas. Ele riu, meio sarcástico, e disse: "Cara, tipo assim, desiste. ELES NÃO VÃO FAZER ISSO". Me restou continuar ali, semi-congelada, e reforçar a dica para que - se olharem pra mim e eu estiver meio parada, meio quieta, me cutuquem. Hipotermia é coisa séria.

Pensei alto que precisava de luvas novas, porque aquelas de lã, simples, não estavam cumprindo direito o papel de evitar a gangrena. Pensei alto que queria luvas de pele. Pêlo de carneiro, whatever. Pensei alto. Em seguida, lembrei da Julia, ao meu lado, protetora-mór dos golfinhos, adoradora de bichinhos indefesos. Ela falou que eu não podia pensar assim. Julia, a voraz devoradora de granola, come carne, eu descobri, mas só porque precisa. Ela não sente um prazer imenso ao saber que as vaquinhas morreram para que a gente pudesse se deliciar em um rodízio ou coisa que o valha. Julia ponderou que no caso das luvas, era bom para os carneirinhos, porque ajudava eles a não passar calor. Tipo, eu não estou nem aí para o calor que os carneirinhos passam. Eu estou preocupada com o frio, com as pontas dos meus dedos arroxeadas, isso é que me preocupa. E ela disse, novamente, que eu maltratava golfinhos, e resolveu incluir na mesma categoria as baleias. Eu maltrato baleias, basicamente.

Falei que eu tinha uma certa antipatia por baleias, porque tinha aquela que engolia o pinóquio e o Gepetto, e que tinha dentes que pareciam cerdas de escova de dente. Baleia Jubarte, ela disse. Julia entende de dentição de baleias. E completou dizendo que tinha sido muito bem feito ela engolir o pinóquio, que era mentiroso, e o Gepetto, que era um velho safado. Pedófilo, ela disse. Ele fez um boneco e queria que virasse um menino, só pra ele. Pra mim, vilã é mesmo a baleia.

Antes de ir pro aeroporto, chamei os cachorros na minha cama para distribuição de beijos. Os dois menores, gêmeos, não tomam conhecimento de nada. Sempre é motivo para uma coceira na barriga. Já o mais velho, o louco, o preferido, tava enfezado. Cookie, me dá a patinha? Me dá Cookie. Anda Cookie, me dá a patinha. Anda logo, a tiinha tem que ir. Me dá a patinha. Dá a patinha pra tia. Não vai dar a patinha não? Poxa Cookie, a patinha pra tia. Tipo um aperto de mão. Hein Cookie? Me dá? Por favor.
Fui embora e ele não me deu a pata. Com razão.

Acontece que eu não entendo porra nenhuma de cinema. Acontece que eu não sei os nomes dos atores e não acho nada demais nesse tal de Gael Garcia, ainda mais enquanto mexicano bigodudo. Acontece que eu sempre entro em salas de cinema sem saber o que vem pela frente. Acontece que eu não fico vendo traillers tentando me lembrar do nome do filme e dos atores e dos diretores, porque ignoro tudo isso. Desculpa pessoal do cinema, eu ignoro. Não tenho nada contra filme nacional, e me lembro até hoje de algumas cenas de Super Xuxa contra o Baixo-Astral. Desculpa pessoal do cinema, outra vez.
Mas ok, eu sou legal, eu tinha esquecido dessa merda de Syriana, que eu gastei dinheiro pra ver. Fui ver Babel. Tem até seu valor, eu entendo isso. Mas eu também entendo que eu prefiro filmes sem valor. Ou filmes com valor que se disponham a entreter de alguma forma a audiência. A vida já é difícil o bastante, portanto eu sugiro que a próxima sessão seja de Xuxa Gêmeas.

Bom, agora eu vou falar da garota. Na minha agenda presidencial no Rio de Janeiro, em um dos dias tínhamos reunião no Botanic Garden. E era preciso estacionar o carro. O carro da garota. Acontece que a chefa da garota teve o carro arrombado no Botanic Garden. Aí, depois de 87 voltas no mesmo quarteirão, a garota, desesperada, pergunta pra um guardador que tinha uma latinha de cerveja na mão: "moço, posso parar aqui?" "tem certeza?" "não moço, eu NÃO vou parar aqui". O cara não tava nem aí onde ela ia parar, na verdade. Mas ela tava tão aflita pra não ter o carro arrombado, que praticamente desceu do carro pra bater no guardador.

Me leva pra filme perrengue e passa muito perrengue pra estacionar o carro. Muito perrengue essa garota.

Ah: eu acho aquele filme do antes e depois do amanhecer umas bostas. Há. Falei. : )

Acontece que eu e a garota fomos ao cinema, com mais um monte de outras garotas e mais um pouco de outros garotos. Babel, o filme. Ainda no restaurante, eu avisei: "Babel é indigesto." Falei isso porque previa as reações, e pra me livrar da suposta responsabilidade de ter sugerido o filme. Eu conheço o estilo do diretor, já vi filmes dele, todos me deixaram meio mal. Então não digam que eu não avisei. Todos toparam, ingressos comprados, sessão começando. E as tragédias todas começaram a acontecer, e as pessoas todas começaram a sofrer. Eu já sabia, estava lá consciente, Babel era indigesto, eu até fiz questão de avisar. Tenso. Quando algumas pessoas saíram do cinema no meio, eu previ que a garota ia começar a reclamar. E ela começou. E eu lá, firme, assistindo os pobres coitados dos molequinhos marroquinos que atiraram na turista, as criancinhas abandonadas no meio do deserto no meio da madrugada, a japonesa surda tentando se divertir em uma boate high tech. Achando tudo muito bom, naturalmente. Eu queria ver esse filme, veria sozinha se necessário fosse. Quando as criancinhas louras e nórdicas foram abandonadas pelo Gael Garcia no deserto, a garota falou, em tom de ameaça: "se essas crianças morrerem, EU SAIO DO CINEMA". Comecei, pela primeira vez durante o filme, a torcer para que nada de mal acontecesse às criancinhas no deserto, não pelo bem estar delas, ou para a minha paz de espírito. Comecei a torcer para o bem delas para que Ana Luiza não saísse do cinema no meio, e isso não virasse um problema. Porque eu não iria atrás dela, e acho que alguém do grupo, provavelmente a Flavia, poderia fazer isso, e eu não queria o meu pequeno universo - ali, dentro da sala, durante o filme - fosse destruído. Se eu não fosse atrás dela e ela efetivamente cumprisse a promessa / ameaça e saísse da sessão, eu ia, durante o filme ainda, me desconcentrar e pensar onde será que a garota foi, o que ela estava fazendo, e isso ia ser motivo de briga, imaginem só, me tirar da sessão de cinema. Então eu torcia para que o filme indigesto tivesse final feliz. Não por mim. Para que ela não atrapalhasse.

Quando a sessão indigesta finalmente acabou eu disse, em tom meio conciliatório, em meio à revolta de mais da metade do grupo, que o filme era bom. Quase fui atacada. Olhei para a garota e disse que esse era o ultimo filme em parceria do Iñarritu com o Arriaga, roteirista. Falei. Ela disse, bem alto mesmo: GRAÇAS A DEUS.

Eu achei bom. Indigesto. Mas bom.

Acontece que quando fomos assistir Syriana, lá no ano passado, ela reclamou mais ainda. Disse que todos os muçulmanos eram iguais. Pra ela, os mais de 10 personagens muçulmanos do filme eram um só, ela nem sabia que eram vários. Durante a sessão, dormiu, acordou, falou ao telefone, reclamou de frio, de calor, do filme, de fome. Me xingou duas ou três vezes por ter escolhido o filme. Uma vergonha. Ana Luiza gosta de Legalmente Loura. Eu também, acho um filme divertido, tenho até os DVDs. Ana Luiza reclama quando o filme não é de amor, quando as criancinhas sofrem, quando coisas ruins acontecem. Quando o final não é feliz.

Da próxima vez, eu levo Ana Luiza pra ver filme da xuxa.

Tentei escrever mas nao consegui. O sol queimou minha mufa. Depois eu tento outra vez. Tenho muito que falar mal da garota.

Hoje e meu dia de post. Hoje e aniversario de Sao Paulo. Hoje seria aniversario do Tom Jobim. E hoje eu to no Rio fazendo desfeita. Mal educada eu. Vou pra la, compro casa, fico amiga, me instalo e, no dia da festa, me mando. Desculpa Seu Paulo. De verdade.
Mas hoje eu dormi com os meus bichos do Rio. Os de verdade e os de mentira. Hoje eu fiquei pensando nos golfinhos com cheiro de pitanga. Minha irma deu um pedaco de frontal pro meu cachorro preferido. Eu tenho um cachorro preferido. Admito. E eu prefiro porque ele e emocionalmente instavel. Porque ele vira a cara pra mim quando eu fico muito tempo sem aparecer. Porque ele rosna e briga. E porque ele me da a patinha. Eu que ensinei. E porque a gente se entende e se parece. Eu costumo ter preferencia por coisas na vida. Por exemplo, eu prefiro o Rio. Nao que eu nao goste de Sao Paulo, eu gosto. Mas eu prefiro o Rio. Eu prefiro Paris a Londres. Eu prefiro o meu machintosh de 5 anos, que ficou abandonado no Rio, que o meu pc novinho. Mil vezes. O garoto dizia que esse computador tava velho e lerdo. Mas eu discordo. Eu acho ele sempre lindo e muderno.
Quase que eu fiz uma tatuagem de henna na praia. Pensei em fazer um Piupiu, aquele bicho feio. So pra fazer gracinha, pra ser engracadinha. Mas nao. Hoje eu to assim, so pensando na vida. Na sombra, no Rio. Sao Paulo, meus sinceros parabens.

"Você maltrata os golfinhos!"

A declaração veio assim, sem aviso prévio, ao final do dia no trabalho. Eu sabia o motivo do suposto ataque, mas resolvi dar corda. "Eu? Maltrato os golfinhos? Como assim?"

Voltando no tempo uns vinte dias, estamos na primeira semana de Júlia, a mais nova membro da equipe. Estou eu, feliz e satisfeita, passando o meu creminho para as mãos de pitanga da natura. Júlia, horrorizada, me pergunta como é possível eu fazer algo, assim, tão horrível. "Horrível? - eu pergunto - "Mas o creme é tão bom, hidrata as mãos, tem um cheiro delicioso. É de pitanga!" Julia prossegue, dizendo que a natura faz testes em animaizinhos, testa o meu creminho de pitanga em gatinhos e cachorrinhos indefesos. Pensei que aquilo tudo era muito estranho, porque a natura baseia toda a sua comunicação dizendo ser uma empresa ética, e envolvida em causas ambientais, etc. Mas isso não importava naquele momento. Pontuei, tentando fazer alguma graça com a situação, que aquilo, na verdade, era uma boa ação, hidratar gatinhos e cachorrinhos com creminhos da natura. Todo mundo riu, aquilo era uma piada. Júlia não moveu um só músculo da face.

E, desde então, tenho me dedicado a observá-la. Couro sintético. Será que é vegetariana? Faz parte de alguma ONG? Como explicar para ela que fazemos parte de uma cadeia alimentar e, surpresa, estamos no topo? Crianças que crescem sem comer carne têm um QI mais baixo, eu li. Como isso parecia ser realmente sério pra ela, deixei pra lá.

Até hoje, quando, sem mais nem menos, sem aviso, ela disse, pra mim, com todas as letras: "Você maltrata os golfinhos!". Pensei que a única vez em que eu me encontrei com um golfinho foi quando o Flipper esteve visitando o Brasil, lá pelos anos 80. Acho golfinhos extrafofos. São inteligentes, dizem. Se reconhecem, se comunicam, são sociáveis, bichinhos "gente boa", por assim dizer. Não sou muito ligada à natureza, e isso também é fato. Odeio insetos e gatos me deixam desconfiada. Gosto de quase todos os cachorros. Tartarugas são legais, e acho cobras animais perigosíssimos, principalmente as constrictoras. De resto, gosto de patos, pinguins e sou radicalmente contra a matança de baleias e elefantes. E de golfinhos, of course.

Não acho legal o lance com os casaos de pele, mas confesso que acho bonitos. Não usaria jamais, até porque o calor infernal do Rio de Janeiro não me permite. Não acho legal tranformar 63 minks em um casaco de pele. Me apiedo dos gansos que sofrem para que seus fígados fiquem inchados e apetitosos. Tenho pena de cavalos e burros que puxem carroças.

Não é que eu não me preocupe com o rumo que o mundo está tomando. Eu jogo os meus papéis no lixo, e uso aquelas lâmpadas incandescentes medonhas, que são suspeitas de causar depressão e deixam a gente parecendo mais velha e mais gorda. Será que a depressão vem daí? Whatever. Gasto mais água do que deveria. Não me orgulho disso. O fato é que, se eu fosse como a Júlia, antenada com os problemas do efeito estufa e com o desenvolvimento auto sustentável, eu estaria me sentindo muito, muito mal com tudo isso. Porque a gasolina do meu carro queima e vira poluição, e eu sou a única passageira dele, na maioria das vezes. Minha própria poluição. A água doce vai acabar, as geleiras estão derretendo, o mundo está esquentando. E minha preocupação maior é comprar casaquinhos, ou bolsas de couro.

Adoro bolsas. A maior extravagância que eu cometi com compras foi uma bolsa feita com couro de cabrinhas bebês, que provavelmente pastavam felizes em algum vale esverdeado antes que tivessem as suas vidas ceifadas para virar bolsa. A minha bolsa. Extra large, bege clarinho, com frisos pretos e abertura diagonal. Muito brilho.

Além do mais, vacas estão contribuindo para o aumento do buraco da camada de ozônio. Parece que os gases que elas produzem, aquelas porquinhas, são extremamente tóxicos, nocivos a nós, pobres humanos. Li isso em algum lugar, quem quiser que comprove via Google. Tá lá, aposto. Um golfinho, outro dia, saltou sobre uma mulher em um barco, e matou a pobrezinha. cada um se vira como pode.

Eu realmente não devia estar falando sobre esse assunto aqui. Mas eu vou falar.
Uma das coisas mais insuportáveis aqui da firma é o homem que senta na minha frente. Pronto. Falei.
Caramba. Ele é o pior tipo de gente que existe. Vou explicar os porquês.
Ele perdeu quarenta kilos. Todo mundo que perde quarenta kilos na raça, sem nenhuma anfetaminazinha, obviamente, com razão, vai passar o resto da vida se vangloriando do feito. Coisa que irrita muito.
Ele é oleoso. E pra não voltar a ter quarenta kilos a mais, resolveu que precisa comer sempre alguma "bolachinha" "sem gordura trans" "pra estimular o metabolismo". Céus. Céus. Céus.
Tudo isso já é BEM irritante. Mas o mais irritante é que ele oferece as tais "bolachinhas" naturais, impondo o pacote de "bolachinhas" na sua face, obrigando você, pobre mortal, a inalar aquele aroma de farelo de cenoura ralada. Ele só quer ser legal. Deixa de ser chata Ana Luiza, minha mãe diria.
O problema está no fato dele querer ser MUITO legal. Ele compra chicletes e deixa em cima de um lugar na divisória da minha mesa com a dele, como quem diz, esses chicletes são pra você também. Acontece que eu também compro chicletes. E que os meus chicletes não são comunitários. E o fato dele dividir os chicletes comigo e de eu nao colocar os meus chicletes a disposição dele, fazem de mim uma egoísta, malvada, que não divide chicletes.
Não obstante, ele é o senhor da informática. Toda e qualquer dificuldade que você esboce ter com o computador, ele se levanta e se distribui na frente do seu monitor prontíssimo para ajudar. Será que eu posso tentar resolver isso sozinha? Existe a possibilidade d´eu abrir um chamado no help desk e eu não ter que te agradecer por mais esse favor? Não, não há.
Mas não é só isso (polishop). Outro dia eu estava escrevendo pro blog, na tela do email, para que os transeuntes presumam que eu estou trabalhando. Ele vai até a tela do meu computador e me fala: Ana, eu sempre te vejo escrevendo textos longos. Sugiro que de tempos em tempos você salve para que, caso aconteça alguma coisa, você não perca seu material. Aham, muito obrigada por mais essa super dica, Mr. Better Person in Whole World.
Pensaram que tinha acabado? Não! Ele não se cansa de ser legal! E quando eu vou espirrar? A-há! Todo MUNDO sabe que nenhum ser humano no planeta espirra uma vez só. Toda vontade de espirrar vem com, no mínimo, dois espirros. Isso é óbvio. No intervalo de um espirro e outro, ele fala: saúde! Eu quero morrer nessas horas. Porque isso desvia a minha atenção para o segundo espirro. Até que um dia eu cansei e falei: por favor, espera eu terminar de espirrar pra me desejar saúde? E me desculpei arrependida: é que eu fico querendo agradecer aos seus votos de saúde e acabo que perco o segundo espirro, entendeu? Acho que ele não entendeu.
Agora acabou né? Nãnãninãnão. A última foi o dia em que ele puxou uma ligação MINHA e me deu o recado: Ana, a Flávia do Rio te ligou. Pára. Isso foi a gota d´água.
Mas, as you know, Disus looks at me. Ontem, eu cheguei pra trabalhar e não havia nenhum resquício de seus terríveis adornos de mesa, na mesa que era, eu disse era, dele. Ele foi para bem, mas beeeeeeeeem longe de mim.
Bonzinho ele, não?

Eu queria férias. Férias curtas, que fossem. Três, quatro dias, ou então, melhor, uma semana só pra mim. Eu acordaria tarde todos os dias, veria meus programas de fofoca sem culpa, comeria quando sentisse fome. Estaria confortavelmente jogada no meu sofá de veludo, com almofadas fofas, vendo temporadas e temporadas de seriados antigos, já cancelados. Então emendaria com Malhação e, por que não, novelas. Sairia pra comer com as pessoas em um lugar legal, com sobremesas gostosas, sem hora pra voltar. Não teria nenhum livro do mba pra ler, e releria os meus livros do Nick Hornby, assim, pra passar o tempo. Não precisaria responder e-mails, só os que eu quisesse. Escreveria todos os posts do mundo, pra ter arquivos guardados sempre que Ana Luiza começasse os rituais de malcriação. Faria downloads de coisas legais que quero ver/ouvir. Passearia à toa no shopping, compraria casaquinhos, tomaria um chocolate quente. Ficaria horas e horas na Fnac, andando entre os corredores, descobrindo livros, dvds e cds. Pensaria um pouco mais se devo ou não comprar um Ipod agora. Ou guardar dinheiro para, quem sabe, trocar o carro mais pra frente. Veria mais tv. Big Brother. Realities variados. Sempre me agradou ver pessoas sofrendo em condições especiais de temperatura e pressão. Cinema. Iria ao cinema, à locadora, cheia de lançamentos que eu perdi. Poderia arrumar meus papéis, passar cremes no rosto e no cabelo. Fazer as unhas.
Discovery. Adoro Discovery Channel. Adoro descobrir mais sobre cobras constrictoras, sobre tsunamis e rever cenas de grandes desastres, naqueles documentários imensos. Me reabasteceria com informações absolutamente desnecessárias, leria todos os blogs do mundo, clicaria em cada um dos links que estivessem listados. Revistas. De moda, saúde, notícias. Todas. Youtube. Falaria no msn, no telefone. E aí, quando eu ficasse bem entediada, começaria essa lista de novo, lá do começo. Porque eu preciso de férias. Uma semana, ou duas, só pra mim.

A garota disse que ia me demitir, porque ontem era meu dia e eu não postei nada. Pôxa, eu postei na sexta, e nem era meu dia, isso devia significar alguma coisa. Não significou. Se eu postei no dia dela, problema meu, ela disse. Tem que postar no seu dia. E eu não postei.

Estava trabalhando em casa. Nenhum argumento parece bom o suficiente. Pelos cantos do apartamento, na sala, na cama desarrumada, nas cadeiras, as roupas se acumulam. Uma bagunça generalizada. Mas eu preciso ter foco, desligo a TV e começo meu trabalho. Texto. Mais texto. Escrevo, escrevo e escrevo, mas nada de post, ela reclama. Aparece no msn malcriada, cobrando. E eu, calma, Ana, ainda hoje, mais tarde. Calma, Ana, fui dormir às 4h da madrugada, não deu tempo. Foco. Ana malcriada de novo, dizendo que vai ao cinema e que, quando chegar em casa, quer ver meu post lá, ooops, aqui. E nada. Ela tenta me xingar via internet, eu saio do msn. Hoje é um daqueles dias que ela facilmente ganharia a discussão. Estou cansada, as minhas unhas NÃO estão feitas, e o trabalho persiste. Depois do trabalho, começa a sessão faxina, com roupas sendo guardadas em seus devidos lugares, paninho de pó e aspirador. Depois, planos, ver a reprise do Golden Globe e, alegria alegria, Big Brother. Hoje é dia de paredão.

Então liga a Flávia. A mesma Flávia lá de baixo, que dava ordens à Teresa Cristina, aparece malcriada (será que elas ensaiam na minha ausência???) dizendo que quer ir ao cinema. Mas tem que ser hoje? Eu estou no meio de uma faxina. Ela começa a gritar, literalmente, dizendo que não aguenta a minha desculpa de estar sempre arrumando casa, vejam só. E isso é um golpe sujo, baixo, porque ultimamente a minha casa fica cada vez mais bagunçada, e hoje é o primeiro dia que eu tiro umas horinhas pra realmente me dedicar a tornar o meu environment, por assim dizer, limpo, fofo e cheiroso. Mas também é verdade que eu já usei essa desculpa outras vezes, e Flávia parece incansável. Fazer o quê? Cinema, of course.

Nisso, estamos nós, mais o namorado "príncip", confortavelmente acomodados no Cinemark, trailers em curso, toca o celular. Da Flávia. Adivinha quem é? Ana, a psicótica. Reclama pra caramba, diz que é para ela me passar o telefone e começa: Cadê o post? Cadê o post?

Flávia empaca, dizendo que não quer mais ser nossa amiga porque a gente fez um blog e ela não participa, e que ela vai fazer um só pra ela, especializado em achincalhar as duas garotas. Então ela ganha um post da garota histérica lá de baixo, mencionando as ordens de Flávia à Teresa Cristina. Achei por bem fazer um sobre as ordens de Flávia dirigidas à minha pessoa. Ainda não é a tal homenagem, porque são 1h47 da manhã e eu trabalho dentro de poucas horas. E porque na homenagem eu quero comentar que Flávia disse que filmes de amor a deixam angustiada. Mas esse é um filme tão normal, eu retruquei. Príncip me chamou de cínica. Talvez eu seja, quem sabe. Na homenagem eu quero mencionar que Flávia fala muito durante exibições cinematográficas, mas não chega a me incomodar. Nossos comentários sobre as roupas da Cameron Diaz, a magreza da Kate Winslet (traidora da causa), a cara engraçada do Jack Black e a doçura de Jude Law, aquele que, na vida real, é um perfeito cafajeste. Flávia ficou angustiada. É um filme de amor. Ok. Talvez eu seja uma cínica, talvez não tenha coração. Achei uma graça. Mas só. Flávia usa bolinhas e tem um fusca cor de cereja. Usa termos engraçados como "praticar amizade" e reclama tanto quanto Ana Luiza. Mas isso fica para um outro post.

O filme, by the way, era "O Amor não tira férias". Oscar season mode on. Yay. Mil filmes legais entrando em cartaz.

Os comentários de Flávia e Bruno sobre o filme de amor que a deixou angustiada me fizeram pensar nos filmes que me fizeram chorar. Vou começar a listá-los e, quem sabe, isso vira uma história. Bruno disse que chorou em Impacto Profundo, vejam só. Na hora que vem a onda gigante e engole pai e filha. Não chorei nesse filme.
Devo ser uma pessoa ruim.

A Flávia me mandou um vídeo de um show em que ela esteve, no Rio, em Búzios, da Teresa Cristina. Viu Suzana, eu não estive, afinal era no Rio e afinal eu estou em SP.
O Bruno, o princip da Flávia, filmou. A Flávia puxava a música pra Teresa cantar. Sabe como? Bem Flávia mesmo.

E nesse vídeo a Teresa seguia às ordens da Flávia numa música que eu adoro, do Paulinho da Viola. Não sei postar vídeos, sou newnerd. Um dia quem sabe.

Eis a letra.

Tá legal, eu aceito o argumento
(Flávia gritando: mas o que?)
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada tá sentindo a falta
(Flávia gritando muito: de que?)
De um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim
Sem preconceito, com mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
(Flávia chorando sentindo minha falta para unir vozes: faça como o que/quem?)
Faça como o velho marinheiro,
Que durante o nevoeiro, leva o barco devagar

Adoro isso do velho levar o barco devagar.

Hoje é meu dia. Como vocês podem reparar, ontem foi dia da garota e ela não honrou seu compromisso. Finda aqui qualquer possibilidade de uma eventual sociedade com a dita cuja que envolva dinheiro. Ela não tem compromisso com um projeto que é parte de seu eu. Só com compromissos que ajudem outro alguém, malígno, a ter em sua conta bancária, aos 30 e poucos anos, 10 milhões de euros. Tonta.
Bom. Agora eu. Temo pelo meu futuro em sociedade. Acho que tudo o que eu preciso pra viver em harmonia, na harmonia, são das minhas almofadas coloridas, minhas canecas xadrezes e minhas xícaras listradas. Do meu colchão queen size, e das sapatilhas de ficar em casa do snoopy, que acabo de me dar de presente. E de um sabonete de mel. Um sabonete de mel de abelhas francesas. Só pra mim. Tudo aqui é só pra mim. O silêncio e os barulhos são meus. E fico extremamente incomodada quando sou interrompida pelo barulho do telefone. Eu me assusto. Ele toca sem avisar, simplesmente toca. Mal educado.
Aí, eu fui passear, comprar coisas para a geladeira, e fazer a unha. No único salão que tinha no shopping. Eles pagam uma taxa extra para serem os únicos embelezadores do shopping center. E eu devia pagar uma taxa de babaquice extra por fazer a unha com eles. Devia não, paguei. No débito. Nem milhas acumulei. Caríssimo e absolutamente nada de mais. Na-da. Simone ou Suzana, não me lembro. O nome da manicure. Eu não queria conversar e nem ser especialmente simpática. Mas ela queria. Ela resolveu me contar que seu namorado, alguns anos mais novo, que trabalha na Febem, se mudou para o interior de São Paulo. Sério Suzana, foda-se. Aí ela terminou tudo e isso tem só um mês, veja só. Está sofrendo.
Suzana perguntou se eu era do Rio. Aham. Tem família aqui? Não. Poxa, você é muito corajosa, se enfiar numa cidade dessa sozinha. É. Não sente saudade do Rio, das praias, da família? Suzana, vai a merda, Suzana.
Aturar a Suzana me custou R$22,00. Faça as contas. Vinte e dois reais divididos por 10 dedos.
Suzana e Constança me fazendo de idiota.

Pequena homenagem ao Mister P.

Tiê says:
seu blog é uma palhacada
[Constança] says:
no bom ou no mau sentido?
Tiê says:
no sentido de palhacada, nao agrega
Tiê says:
prolixo
[Constança] says:
e vc agrega, né?
[Constança] says:
muito.
Tiê says:
pelo menos eu nao fico bostejando sobre nada
[Constança] says:
tie, vc claramente não é o nosso público. não precisa nem voltar lá.
[Constança] says:
vou postar os meus e-mails para você lá.
[Constança] says:
vai fazer o maior sucesso.
Tiê says:
meu deus o que será de mim?
[Constança] says:
na íntegra
Tiê says:
[Constança] says:
tem gente que adora, nem te conto. e eles, cá entre nós, foram muito bem escritos, né?
Tiê says:
sim parabéns.
Tiê says:
merece um prêmio.
[Constança] says:
mereço.
[Constança] says:
principalmente por ser tão legal com vc, sempre, sempre.
Tiê says:
isso não me obriga a gostar do seu blog
Tiê says:
prolixo
[Constança] says:
aprendeu essa palavra hoje, tiê?
Tiê says:
sim, e fez todo o sentido quando li o blog. vai facilitar até a memorização
[Constança] says:
que bom que eu pude te dar mais essa lição.
Tiê says:
muito obrigado
[Constança] says:
de nada, querido. disponha.
Tiê says:
beijo na boca
[Constança] says:
éca.
[Constança] says:
não abusa da minha boa vontade com você
Tiê says:
obrigado pela boa vontade!
Tiê says:
agradeço a disus por ter me iluminado com essa graça
Tiê says:
vou nessa constança, bom final de semana.
Tiê says:
gostei do blog, by the way
[Constança] says:
volte sempre!
Tiê says:
bjs

A conversa acima serve de abertura para uma pequena homenagem que presto, hoje, ao meu amigo Tie Lima. Rapazinho muito malcriado, deixou um recado semi-anônimo lá embaixo, levemente agressivo, que copio em seguida:

"Mister P. disse...
Prezada madame Tezão,(coisa que dúvido que venha a ser)

Ao ler esse blog imagino que se trate de duas senhoras com pouca ocupação que se conheceram em um curso de informática para terceira idade resolvendo fazer algo diferente.
Beijo na Bunda "

Identificando as pistas para apontar o culpado:
Mister P. Não conheço. Quando vi que não havia espaços entre a vírgula e o início dos parênteses, a suspeita se agravou, mas a confirmação mesmo veio com a palavra Tezão, assim, escrita com "Z" no lugar de "S", e o acento agudo totalmente equivocado na palavra duvido. Tiê não é burro, nem um pouco. É inteligente, bem informado, tem boas tiradas. Foi excelente amigo em alguns momentos, péssimo em outros. Então na análise final, fica assim, neutro. Quase negativo, mas neutro. Tie tem problemas com as palavras, com os espaços e com os acentos. E absurdamente grosso e indelicado sem motivo aparente, mas eu vi esse menino ser legal, principalmente quando não tinha ninguém mais olhando. Ele fica enciumado porque, depois de uma mega pisada na bola (ele é humano, eu sou, humanos erram, blá, blá, blá), ele foi posto de castigo, limado de nosso convívio. Sofreu agressões que eu me envergonho só de pensar, os absurdos que eu disse em e-mails cruéis. Apesar de achar que ele merecia, peguei pesado. Mas os e-mails ficaram tão bons. Tão bons. Se não fossem tão pessoais, estariam aqui, todos, postados, expostos. Gosto de pensar que sou uma pessoa melhor, e não faço isso. Por consideração a ele. E a mim. Adoro achar que sou gente boa.

Exatamente minha cara. Disus delega funções. Ou você acha que Angelina é bonita assim gratuitamente? Claro que não. Foi acordado entre as partes, registrado em cartório, com São Jorge e São Bento como testemunhas.
"Eu te darei beleza, riqueza e o Bread, e você cuidará de criancinhas famintas africanas e fará com que seus outros coleguinhas igualmente abastados, façam o mesmo". E assim contrataram. Deal.
Bom, eu nem sei se eles contrataram isso mesmo, mas eu sei que Disus is ten. Prova disso, é o lance do estacionamento.
O lance do estacionamento. Eu sou nova aqui na firma. Firma esta localizada bem ao lado do buraco do metrô, o tal buraco. E a firma é grande, mais de 5 mil funcionários em um edifício. E um estacionamento privado que distribui suas vagas de acordo com o cargo, o tempo de casa e etc. Logo que eu entrei, não tinha direito ao tal estacionamento. Fiquei dois meses guardando a Peteca, minha carra, no Carlinhos. Senhor simpático, dono de uma cadela chamada Pantera. Muito minha amiga a Pantera. Eu chegava toda pronta, toda prosa, toda cheirosa e colorida, toda metida, e a Pantera vinha me dar bom dia. Vinha correndo em câmera lenta e botava as patas gigantes nas minhas roupas, até então, limpas. Mas enfim, tudo por uma amizade canina.
Aí, eis que um belo dia, recebo um email, glória disus, informando que eu havia sido contemplada com uma vaga no estacionamento do edifício. Uou. O dinheiro do estacionamento foi imediatamente convertido em coisas para o lar e para o lar de minha alma, eu mesma, enquanto pessoa.
Sinto saudades das patas da Pantera na minha roupa. Sinto saudades dos meus cachorros do Rio. Alías, hoje sonhei que os três haviam ganhado uma única poodle fêmea e que eles estavam fazendo a farra. A bichinha não aguentava mais. Aí, no sonho, vinha uma menina aqui do trabalho, e levava a poodle embora. Eu fiquei puta. Chama o Freud.
Mas aí é isso. Foi só eu ganhar uma vaga no estacionamento, que a rua ruiu. A verdade verdadeira, é que meu estacionamento continua lá, a Pantera é grandona e fortona e deve estar praticando amizade com as outras cadelas caçadoras de vida, do corpo de bombeiros.
Mas eu não me canso de repetir. Disus looks at me. E olha pro Zé, da Maria, também. Só não olha pela garota, que fica por aí propagando Satanás. Xô Satanás, xô Satanás.

A garota disse que eu ainda estava devendo um post sobre Disus. O que escrever sobre ele?

O problema não é Disus, o problema é o efeito que ele, o filho do Pai, causa nas pessoas. Trabalhar em um site de relacionamentos me rende momentos impagáveis. As pessoas, ao encontrarem os seus pares perfeitos, têm a chance de mandar a sua história, contar como tudo aconteceu. E o que eu vejo, meus caros, são testemunhos. Testemunhos de fé, de Deus pai todo poderoso realmente empenhado em acertar a vida do Zé, lá do Nordeste, com a vida da Maria, no extremo sul do Brasil. Ele, o Zé, fiel em sua crença de que Deus é pai, não é padrasto, e de que os humilhados serão exaltados, reza, ora, pede que Ele o ajude a achar a sua alma gêmea. Zé busca um endereço na internet e acha o site, o maior. Faz um longo cadastro, que pede desde a cor dos olhos até o nível de importância que tem ele achar uma mulher loura, morena ou ruiva. Faz uma assinatura, por que não, para potencializar as suas chances de ser atendido pelo Altíssimo, vejam só. Paga no prazo o seu plano VIP, com todos os benefícios e ferramentas funcionando a seu favor. Manda e-mails, faz busca com os mais variados filtros, conversa com 20, 30 mulheres e, por elas não serem "de Jesus", desiste. Persiste na Maria, que deixou escapar, assim meio de propósito, que por tudo na vida ela agradecia "primeiramente a Deus". Horas na Internet, bate-papo online, horas ao telefone, passagem de avião e pronto: Zé e Maria estão apaixonados, providência superior, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não foi o empenho do Zé, os dinheiros gastos, as horas e horas de conversa. Foi Deus. Não foi o site, com seus filtros e ferramentas avançadas, com design bonitinho, super preocupado com a usabilidade, não foi a redatora que vos fala. Foi Deus.

Deus, aquele, que deveria estar lá preocupado em solucionar a dívida externa, matar a fome das criancinhas na África, na Índia, salvar os golfinhos, o tigre-de-bengala e o mico leão dourado, delega funções a seres humanos menores como o Sting, Bono Vox e Angelina Jolie e fica lá, preocupado em achar uma mulher direita para o Zé, temente a Ele, disposta a constituir família.

Nas horas vagas, ele manda seu filho Disus - best promoter ever, tirar o carro da garota da rua, e mandar lá para o 4o andar do prédio, o dos gerentes, só porque o chão irá se abrir com o buraco infinito e profundo e ela não pode gastar os seus sapatinhos.

Overheard

Conversa ouvida em uma sala de MBA da FGV:
- Olá, querida, você está bem?
(Sobrancelhas franzidas, voz meio embargada) - Estou. Estou engordando um pouquinho, mas estou bem.
- O que foi?
(cara de tragédia) - Nada.
- Terminou com o namorado?
- Não.
- O que foi que houve, me conta...
- Estou comendo muito.

[Constança] diz:
Luzinete Aparecida Grilli, 42, que estudou com Valéria na faculdade, lembra-se das dificuldades da amiga para pagar os estudos. A inadimplência no quarto ano chegou a gerar disputa judicial com a universidade --a mesma que ontem mandou as flores. "Valéria era muito esforçada e inteligente. Estava muito perto de atingir seu sonho, quando caiu no buraco."
|Ana Luiza| diz:
é menina. caiu no buracu.
[Constança] diz:
caiu no buracu.
[Constança] diz:
sabe aquela expressão "subiu no telhado"?
|Ana Luiza| diz:
isso é um sinal de deus, de que a qualquer momento, pode abrir um buraco no chão.
[Constança] diz:
agora é "caiu no buraco"
|Ana Luiza| diz:
exato. no buraco.
[Constança] diz:
mais no buraco, impossível.
|Ana Luiza| diz:
vala, como dizem
|Ana Luiza| diz:
essa, literalmente, foi pra vala.
[Constança] diz:
na biblia, eu acho, tem uma citação que diz "o chão se abrirá sob seus pés"
[Constança] diz:
é castigo aos pecadores, tá na bíblia.
|Ana Luiza| diz:
não sei meu bem. só conheço Lucas versículo 24.

Os dias da garota são pouco movimentados. Às quintas então, por conta de compromissos, ela perde o prazo do fechamento do blog. Eu tenho um texto da garota, um dos preferidos dela. De um email que ela me mandou num momento em que o mundo resolve girar em sentido anti-horário. Eu chorei de soluçar no trabalho esse dia. E todos sabem, não se chora no trabalho. É proibido.
Segue o texto da garota, com todos os direitos reservados.

Anne Louise.

Achou que eu tinha acabado, é? Não. E você ficou por último porque o seu email é ainda maior, e eu não vou te poupar de absolutamente nada.

Você me conhece bem. Eu me lembro do primeiro dia em que almoçamos juntas, lá no Pão da Mata. Uma cinza do cigarro da Chris voou direto na minha bolsa vermelha da Cantão e fez uma marquinha. Procurei não dar importância a isso. Mas você sabe que eu dei. No banco da frente do carro do Beto entrou uma garota de óculos escuros que cobriam quase que seu rosto inteiro. Mal humorada, reclamando muito de alguma coisa que estava incomodando no trabalho. Foi a primeira vez que ouvi o termo Monkey Job. Termo esse que se tornou algo tão familiar, no meu próprio trabalho.

Você me inibia, me acuava. Falava alto e estava sempre muito certa de tudo. Como eu poderia discordar? Então, fiquei só observando. E, de alguma forma, entre net users e chocolates quentes, entre sessões inspiradíssimas de teorias na hora do almoço, ficamos amigas. Não consigo dizer quando isso aconteceu. Nem como. Não me lembro de quando finalmente decidi discordar, só pra ver o que acontecia. Não me lembro quando você passou a me ouvir, e a dar valor ao que eu dizia. Eu, quando te conheci, sei lá como, mas já sabia que você teria alguma importância na minha vida. É tão raro encontrar alguém que consiga colocar em palavras as próprias loucuras com tanta clareza. Eu achava que só eu conseguia. Pedante, né?

Pois bem. E lá estávamos nós, no telefone, no messenger, no net user, nos emails copiados de forma oculta, que eu, brilhantemente respondi a todos e te deixei numa situação difícil. Lá estávamos nós gastando uma fortuna em bolsas lindíssimas, ou casaquinhos fofos na Zara. Lá estávamos nós, um carro seguindo o outro, sabe-se lá pra onde.

E eu, por causa daquela história nojenta da L., tinha perdito toda a fé nas pessoas. Estava certa de qua ninguém nunca iria ser legal comigo só mesmo por ser legal comigo. E lá estava você no Detran, dentro do meu carro, esperando comigo pra fazer a vistoria. Eu jamais ousaria te pedir isso. Imagina, tão chato... Não precisei. Você disse que ia comigo, pra me fazer companhia. E, no meio dos Big Macs, da batata frita crocante e da Coca Cola gelada, eu percebi que estava errada e que sim, eu tinha uma AMIGA. Amiga com letras maiúsculas, com todo o clichê que a situação merece. E você nunca vai fazer a menor idéia do que aquilo, do que aquele dia significou pra mim. E eu te agradeço por isso.

Depois veio a fase academia, com as maiores discussões na esteira. E quando a gente briga, a gente briga mesmo. E o mais legal é que, mesmo depois da maior discussão, eu consigo olhar pra você, sorrir e saber que está tudo bem. E que nem por isso tudo o que eu disse perdeu o sentido. Você ouviu, e eu ouvi. E nada muda a nossa amizade. Obrigada pelas discussões na esteira, e pelas discussões no telefone, e por todas as outras também. Obrigada de verdade.

E cá estamos nós. Ontem eu vi você chorar por minha causa e eu sei que você sente muito que tudo isso tenha acontecido. E eu sinto também. Sinto pelos nets que deixamos de trocar hoje e pelos que não trocaremos amanhã. Sinto por não poder olhar pra trás e te ver trabalhando. Mas, me responda só uma coisa. Como eu posso amaldiçoar o Shoptime se ele me deu você? Uma amiga de verdade, que briga, que discorda, que grita e que tem defeitos. Eu comprei esse pacote e não tenho absolutamente nenhuma reclamação a fazer ao fornecedor. Eu gosto de você pelas suas qualidades e pelos seus defeitos, cada um deles. Eu gosto de você porque você me conhece bem, porque você me entende. Porque basta um olhar e eu sei o que você pensa. Porque você é inteligente, justa, leal. One of a kind, como dizem. Unique. Porque ficar sua amiga me curou de um comportamento doentio de profunda descrença. porque hoje eu sei que o mundo tem gente legal, gente que vale à pena, basta ter a sorte de esbarrar com elas no caminho. E essa sorte, eu tive. E, mais uma vez, obrigada. E ninguém no mundo, talvez só o Thiago, deseje mais a sua felicidade do que eu. E porque eu tenho certeza de que ficaremos velhinhas e ainda seremos amigas. Que tipo de questões nos moverão daqui a cinqüenta anos? A gente tem tempo de sobra pra descobrir. Será que a gente ainda vai comprar casaquinhos? Xales, talvez? Não importa.

Nesse momento, Anne Louise, você é a minha pessoa favorita. Obrigada por tudo.

Faltaram virgulas, né? As idéias se atropelaram, né? Não tem problema, você me entende. Você é uma das únicas pessoas no mundo habilitadas para tal.

Vamos tomar um chocolate, vamos reclamar da vida e maldizer as pessoas? A hora em que você quiser. Me liga, eu não estou fazendo nada mesmo...

Um beijo.
Quastrança.

Isso foi dia 08 de junho de 2005.

Mais do que ficar brigando com a garota e mais que discordar de tudo, e mais ainda que nadar contra a corrente, esse blog nasceu da enorme vontade de nos exibir, pra botar ciúme na Flávia, e pra mostrar pros outros o quanto a gente se diverte.
A garota me indicou bons links nesse ano que, glória deus, passou. Segundo ela, ela é a senhora dos links. Eu sou a dos anéis. E hoje ela me mandou um, que veio de uma fonte bastante duvidosa, mas tá valendo.
Vamos padronizar algumas coisas por aqui, além dos dias pares e ímpares. Um assunto só, pras duas. O exercício de completar frases. Se eu fosse presidente do Brasil eu faria... Se eu trabalhasse no Google eu seria... Se eu ganhasse na megasena... O que a gente faria com alguns kilos a menos, etc.
E tem o momento merchan. Hoje eu li bons textos indicados pela garota.

Segue um trecho de um deles, com o link para o site da Tati Bernardi.

"Se implorar resolvesse, não me importaria. De joelhos, no milho, em espinhos, agachada, com o cofrinho aparecendo.
Uma loucura qualquer, se ajudasse, eu faria com o maior prazer. Do ridículo ao medo: pularia pelada de bungee jump.
Chorar, se desse resultado, eu acabaria com a seca de qualquer Estado, de qualquer espírito.
Mas amor não se pede, imagine só.
..."

Isso é o que eu chamo de dar com a cara na parede.

Ai. Que pessoa desagradável. Em vez de me ajudar com Jesus, me aparece com esse papinho.
Quem desdenha quer comprar, dizia minha avó. Nem sei por onde eu começo.
É verdade, eu disse firma. E não precisa ser muito inteligente pra entender que firma é o pejorativo de empresa. Até porque, garota, aqui em SP, não existem firmas. Aqui existem grandes corporações, em edifícios enfeitados com orquídeas, que exalam delícioso aroma e expressam com riqueza de detalhes, a força do capital.
Bom, é válido ressaltar que eu nunca pronunciei a palavra holerite, embora eu não tenha nada contra. Podem chamar contra-cheque de qualquer coisa. Eu leio como dinheiro. Sempre.
Essa garota nunca me ouviu falar bolacha, nunca me ouviu falar guia e, ai é que ela se entregou a maior das interioranas, jamais troquei farol por sinal. Nós, cariocas, falamos sinal, ô garota. Desde sempre.
O "se joga" é piada interna, advinda de um ser humano gigante, também carioca. Balada e night são igualmente terríveis. Não pretendo que um deles ganhe mais peso em minha vida. Prefiro que os dois sumam, desapareçam.
Agora, uma coisa que a garota fica sentida de não entender é o HH. Happy Hour, Constança. Depois do sirviçu. HH com o pessoal do Google. Networking. Troca de cartões. Psicopata Americano.
O fato é que a garota tá doida pra vir. E quando ela vier, se vier, vão perguntar de onde ela é. Aí ela vai dizer que é do Rio. Aí vão falar "ué, mas você não tem sotaque de carioca". Aí eu vou morrer de rir, brother.

Vou contar como tudo começou. Mentira, não vou contar nada. Vou acelerar a história, dar um forward para a época em que o mundo corporativo levou a garota pra São Paulo. São Paulo sucks, eu disse. Minhas memórias de São Paulo se resumem a finais de semana na Vila Mariana, na casa da Tia Dadá, velhinha mais que querida, mais que velhinha, tia-avó. Íamos eu, meu pai, minha mãe e minha irmã. Meu irmão ainda não era uma pessoa nessa época, o que quer dizer que eu era bem pequena, porque sou só sete anos mais velha que ele. Eram finais de semana frios, meio que chuvosos. Ganhávamos Barbies e comíamos pizzas. O tempo passou, tia Dadá, mais velhinha ainda, mudou-se para o interior, para ficar com os filhos, e a casa fofa da Vila Mariana deu lugar a um prédio, eu acho. Nunca mais fomos a São Paulo. Nunca mais pensei em São Paulo.

Mas aí, anos depois, o mundo corporativo levou a minha companheira de chocolates quentes e compra de casaquinhos. São Paulo ficou com ares de cidade malvada, cruel, que sapara os amigos da gente. Vai ficar tudo bem, ela disse. Não ficou.

Explico. Tudo começou com a palavra "FIRMA", que ela disse aí embaixo. "Firma"? - eu perguntei. Ela disse que era brincadeira, mas a verdade é que a Ana Luiza carioca está nos últimos suspiros. Eu devia ter lido os sinais no outro dia, no gula-gula, quando ela ficou por demais alterada com as semi-celebridades presentes. Eu, que sou eu, proveniente de Volta Redonda, interiorzão do Rio de Janeiro, aprendi a ter um ar blasé na presença de tão ilustres criaturas. Ela, que cresceu vendo esse pessoal na praia, na escola, no shopping, dá vexame no restaurante. Depois foi aquela história de "pegada". Tô "pegada" agora, peraí. "Pegada"? - eu perguntei. É, ocupada, ela disse. E daí, senhores, foi ladeira abaixo. Balada, se joga, coisas assim, no início de propósito, forçando a barra mesmo, depois mais de brincadeirinha, já sem tanto peso. Até a hora em que balada sai assim, sem alarde, perdida na frase. Se jogando, hein? - eu disse. Ela nem notou. Bolacha para biscoito, guia para calçada, farol para sinal. Holerite. Ho - le - ri - te. Ninguém merece.
O meu medo, o maior de todos, é o do firrrrmeza, mano. É nóis. Paulistas têm mania de chamar as pessoas, de forma carinhosa, pela primeira sílada do nome. Uma Carolina, que podia perfeitamente ser Carol, vira "Cá". Roberta é "Rô", que também serve para Rodrigos ou Robertos, por exemplo. Ana vira "Ã", assim, carinhosamente. Constança vira o que?

A garota tá puta dizendo que esse tipo de coisa, de ficar testando palavras com links, não é post, e que as pessoas vão perder o interesse, etc, etc. É uma sem razão, essa garota.
As pessoas, garota, me ajudam. Quem dá aos pobres, empresta a Deus. Você sabe disso.
Aí, eu aprendi a fazer com que o link abra em outra janela, como fazem os grandes portais, exatamente. Abrir em outra janela não desvia a audiência. Princípio básico da rentabilidade na web. E é óbvio, eu preciso que isso seja rentável pra comprar cavalos num futuro próximo.
Atenção, todos, essa nem o Mr. M.
Tchan nã nã nã!

Deu errado. Ficou torto. Vou tentar outra vez. Agora!
Caceta. É bem mais fácil do que eu tinha feito. Eu tinha feito em html mesmo. Mas tem macete.
Ah, chato.

Hoje é dia par. Dia da garota. Mas na firma da garota não são legais o bastante e ela só pode postar de casa. Estou aprendendo coisas de html. Queria saber como é que se faz pra botar links assim no meio do texto. Vou tentar. Tipo assim.

[Constança] diz:
estão achando a gente maluca
[Constança] diz:
mas no bom sentido
|Ana Luiza| diz:
po, eu nao sou maluca nao
[Constança] diz:
é sim.
|Ana Luiza| diz:
segundo meu pai, gênio, só é maluco quem come coco e rasga dinheiro.
[Constança] diz:
come coco?
[Constança] diz:
hum, cocô
[Constança] diz:
pensei em Côco
[Constança] diz:
to meiA lerda hoje
|Ana Luiza| diz:
eu nunca sei onde é o acento. eu nao sei escrecer, você sabe.
[Constança] diz:
deixe os acentos comigo.
|Ana Luiza| diz:
e a ortografia também.
|Ana Luiza| diz:
evangélio, you know.

Como vocês sabem, estou in do evangelho, e ando por aí pregando Disus. Disus is ten, you know.
Mas o que foi a Liane, aquela pessoa insuportável, consolando um dos emparedados com o versículo 38 de algum trecho da bíblia? Esse promete ser o BBB de Jesus. Os anteriores eram de Deus. Deus pra lá, Deus pra cá. Agora Deus passou o bastão pra Disus.
Eu vim pensando no carro que eu adoro bastidores. De qualquer coisa. Eu gosto de trabalhar em empresas grandes pra entender como as coisas acontecem. Por exemplo, como todas aquelas balas chegam às Lojas Americanas. Eu me interesso em saber que quando você faz uma assinatura de tv via satélite, e o teu equipamento não chega no prazo acordado, alguém vai tomar porrada. Sim, me interesso. Acho legal saber essas coisas.
Sempre gostei muito mais de aula de ballet do que dos espetáculos. Eu prefiro assistir às aulas e entender como é que se fica na ponta do pé. Ver as meninas na ponta do pé e não entender como é que se faz, é impossível no planeta Ana. Eu adoro ver aulas de ballet clássico. Bailarinas clássicas são arrogantes por natureza. Assim como os aviões e os cavalos. Mas tá. Depois eu desenvolvo isso.

Minha curiosidade do momento é desvendar os bastidores das igrejas evangélicas.
O que esses caras devem conversar antes de subir no palanque? Será que esses caras têm vontade de rir em algum momento? Constança, você pode me ajudar com isso?
Que Jesus esteja com vocês.

Um alguém chamado daniel disse que temos problemas. Claro que temos. Vários. Alguns uma por causa da outra e da nossa eterna história de implicância com coisas pequenas, quase que insignificantes. Outros de cada uma, que vira problema das duas quando uma das garotas se mete na vida da outra e passa dos limites. Outros que são realmente sérios, como qual é o BBB preferido, ou os reais motivos que nos levam a gastar pequenas fortunas em casaquinhos. Também já entraram em pauta o aquecimento global, o calor do Rio de Janeiro (que ela adora e eu odeio), a burrice de algumas pessoas que até têm potencial e simplesmente não desenvolvem. Como é que se escreve "à beça", ela pergunta. Eu respondo. "Como é que se escreve" é geralmente o início de conversas que beiram o absoluto nonsense, e que ao mesmo tempo fazem todo o sentido do mundo.

Também podemos falar mal, muito mal de algumas pessoas. Se, como se diz, uma dama não comenta, eu vos digo, senhores, que duas damas fazem um estrago. Também falamos bem, é verdade, ou discutimos os reais motivos pelos quais o Brad Pitt deixou a Jennifer Aniston pela Angelina Jolie, se a Shiloh Nouvel é ou não é mais bonita que a Suri, e se a Victoria Beckham come ou não come. Quando eu descobri que, na época da Copa do Mundo, ela fazia um regime à base de sashimis e abacaxis, adivinha minha primeira ação? Contar para a garota, óbvio. E isso rendeu linhas e mais linhas. Sempre rende.

Teve a conversa sobre ditados populares, sobre o efeito dos anos ímpares ou pares na vida de cada uma. Eu sofro mais nos anos ímpares, prefiro os pares. Ela acha os pares mais complicados, o que justifica a sua preferência por ímpares. Aliás, essa regra, mais uma, imposta por ela, de que cada uma assume um dia para falar alguma coisa, tem a ver com isso. E mais uma vez, é uma regra que eu obedeço. Porque quando a garota se irrita, ela fica chata, e isso dispara a pessoa chata que há em mim, e vice-versa. O importante é que a gente briga feio mesmo. Já aconteceu na esteira da academia, aos berros, no telefone, no msn. Dura cinco minutos, meia hora, às vezes até um dia, ou dois, ou três. Mas aí surge algo novo, que precisa ser debatido, como um novo emoticon que acaba de surgir, ou algum filme, ou fofoca. Ou um buraco que se abre no chão.

Depois que a gente começou esse blog, tudo que acontece na minha vida é passível de virar post. Eu combinei com a garota que os dias ímpares são de minha obrigatoriedade e os dias pares são de obrigação dela. Então, preciso escrever qualquer coisa. Vale ressaltar que hoje já é amanhã, passamos da meia noite, mas ainda não dormi, então ainda é ontem. Tá valendo.
Levei meu pai pra comprar contrabando num lugar de contrabandistas chineses aqui em SP. Achei as réplicas que a tia do Samuel vende. Adoro que os vendedores chamem produtos falsificados, bolsas, carteiras, relógios e etc, de réplicas, e que cobrem BEM caro por elas. Isso é Marketing, Kottler. Você não sabe de nada. E eu não sei se seu nome tem um t ou dois.
O contrabando que meu pai procurava era um roteador. Eu procurava câmeras digitais. Mas eu acho muito complicado gastar dinheiro com coisas que ligam e desligam. Tenho dificuldade. Tchau. Daniel, não sei quem é você não, mas volte sempre.

Réplica

Não foi bem assim. Vou contar a minha versão. A garota resolveu, no meio da conversa do msn da discórdia, dizer onde eu morava. E eu não quero a localização exata da minha casa na internet. Daí, troquei essa parte, deixei a informação mais vaga. Pra quê? Pra quê? Tomei o maior cuidado de colocar a bendita da verdana tiny, a maior recomendação de todas. Que aliás, é outra história. Eu queria discordar da letra. Falei pra botar comic sans, assim, meio que pra provocar, mas a garota já tinha tudo decidido, planejado. Verdana Tiny. Period.
Obedeci. Postei com uma letra imensa, tomei o maior cuidado do mundo de excluir, salvar o texto, colar de novo, dentro das regras, e fui dormir, feliz porque tinha obedecido direitinho. Ledo engano. Chego eu no trabalho, olheiras, e ela começa. "Tô muito puta." "Tô puta de verdade". Eu tentei argumentar, mas ela obviamente tinha dormido mais horas que eu e estava em clara posição de vantagem. Disse que ia apagar o post, ficou mais puta ainda, me ameçou, disse que a briga tinha que vir pra cá, pra que todo mundo visse. O blog é dela, eu sou colaboradora, pensei. Jurei não ter nenhuma conversa virtual com ela nunca mais, porque ela podia me usar e postar os textos à minha revelia. Ignorei as tentativas de contato.
Daí, 15h, ela vem com essa: "Abriu um buraco no chão". "Acabou a luz, a rua tá rachada, deve ter morrido gente". Ora essa, nada podia ser tão grave se ela estava ali, me contando tudo pela internet. Enquanto houver internet, há esperança. daí ela falou algo sobre bombeiros, evacuação de prédio, e ficou offline. Silêncio.
Eis que eu vejo o buraco. Realmente um buraco, no meio da rua. Pensei: "providencial esse tal de buraco, para acabar com o expediente às 15h de uma sexta-feira. Deve ser como ela disse, Jesus. Tirou o carro dela lá do estacionamento da rua, porque sabia que ia tudo pro chão."
Taí, garota. Minha versão. Sem cortes ou edições. Em verdana tiny.
Um dia eu me revolto e lanço um comic sans. Bem louco.

Desde a briga matinal com a garota ela não compartilha da minha amizade via msn. Quando deu umas três da tarde, eu avisei: abriu um buraco no chão. Ela não me levou a sério.
O buraco tava no chão e mandaram a gente embora do trabalho. Fui. Meu pai tava na minha casa. Do lado da minha casa tem uma igreja. Nessa igreja tem cantoria, e desde que eu me mudei, há um mês, ele fala que quer ir no raio da igreja. Fomos. Mulheres de um lado. Homens de outro. Mulheres com um véu branco na cabeça e uns vestidos de viscose estampada. Todas. Não é bem uma igreja, é uma espécie de cozinha de Jesus. O moço que prega resolveu que ia ler uma parada na bíblia. Nesse momento eu tava me lembrando da outra experiência com esse tipo de assunto. Jesus. Já estive numa dessa com a mãe de uma amiga. Era mais agressiva. Os envelopes pra botar a grana ficavam em cima da cadeira em que sentam os irmãos. Pensei até que eles podiam já botar os envelopinhos do Bradesco pra facilitar na hora do depósito. Dinheiro na continha do Senhor. Mas voltando ao moço que resolveu ler a bíblia. Ele resolveu ler a bíblia. Lucas, versículo 24. Ok. Aí a irmã, sentada ao meu lado, saca uma bíblia para que eu lesse e me entregasse a Disus. Ai eu olhei pro meu pai. Ele também tinha ganhado uma bíblia. O moço começou a pregar. Ele era bem ruim. Na igreja da mãe da minha amiga, eu quase me converti. Nessa não. Nessa hora eu olhei pro meu pai, e, glória deus, amém irmãos, ele fez o caminho da rua com a sobrancelha.
Ai a garota me ligou pra falar que tinha visto que o buraco era mesmo um buracu, quase infinito e profundo.

Já tô puta. A garota começa postando um diálogo de msn. Até aí, ok. Mas ela editou a minha parte da conversa. Aí eu não gostei. Aí eu disse que ia reclamar aqui no blog e ela disse que ia apagar o post. Aí eu já sei que isso não vai dar certo. Aí eu disse: deixa lá, eu reclamo, te insulto, e você responde me insultando em cima. Isso vende. Aí ela não quer. Aí ela vai apagar o post editado aqui debaixo e vai brigar comigo e nunca mais vai escrever aqui. Tudo bem. Ela vai continuar tendo a senha e eu tenho fé de que um dia ela volte a escrever. Mas eu odiei que ela mexeu no meu queijo.

[constanca] diz:
beckham:250 milhões de dólares
[constanca] diz:
sabia que eu sonhei com ele no outro dia?
[constanca] diz:
sonhei que ele estava aqui em casa, e que a gente estava conversando.
[constanca] diz:
e eu sabia que era ele, ELE, e não ligava.
[constanca] diz:
daí ele ficou me indicando um livro que eu tinha visto na fnac e que não tinha comprado, tinha feito pouco caso.
Ana Luiza diz:
porra, que malígna. vc trouxe ele de madri pra o recreio dos bandeirantes, para a sua casa????????
[constanca] diz:
e eu fiquei meio puta, porque se tivesse comprado o livro, teríamos assunto. [constanca] diz: e daí ele foi embora de onibus. e quando ele entrou no onibus eu me dei conta que era o david beckham e corri atrás
[constanca] diz:
e entrei no onibus. e perguntei pra ele se a victoria não comia.
[constanca] diz:
JURO
Ana Luiza diz:
AHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHAHAHHAHAHHHAHAHAHAHA

[Madame Ç] diz:
brownie da mãe da ju.
[Madame Ç] diz:
minha ultima refeição no corredor da morte
Madame T diz:
tenso
Madame T diz:
degringolou a dieta
[Madame Ç] diz:
só por hoje. foi como na última ceia. nunca mais vai ter brownie da mãe da ju
[Madame Ç] diz:
os indices de cremosidade e crocância atingiram níveis nunca antes imaginados.
[Madame Ç] diz:
a perna bambeou, a vista escureceu, foi como uma injeção de droga na veia
Madame T diz:
entendo
Madame T diz:
me traz um pedaço aqui
[Madame Ç] diz:
cada uma das minhas células ao receber o seu quinhão de açúcar
Madame T diz:
quinhão
Madame T diz:
escreve logo no blog
Madame T diz:
gostou do layout??
[Madame Ç] diz:
não, Madame T, vc não entende. jamais compreenderá a subjetividade desse momento. meu coração é invadido por alegria de viver e um súbito amor ao próximo.
[Madame Ç] diz:
que que tem quinhão?
Madame T diz:
gosto dessa palavra.

madame ç, você é chata. você me irrita. mas o bacana é que agora você tem direito a réplica.

Mensagens mais recentes Página inicial