[Constança] diz:
caráleo
[Constança] diz:
acertei em cheio
uhunoviguaçu diz:
cagona
uhunoviguaçu diz:
ela nao vai chorar?
[Constança] diz:
eu entendo de bbb, fófi
[Constança] diz:
flçor de nuvens na cabeça
uhunoviguaçu diz:
vc se baseou no uol
[Constança] diz:
e dá-lhe guerra
uhunoviguaçu diz:
ladra
[Constança] diz:
não.
[Constança] diz:
o uol dizia 63%
uhunoviguaçu diz:
vc nao entende nada
uhunoviguaçu diz:
vc nunca acerta os vencedores
uhunoviguaçu diz:
sua ladra
uhunoviguaçu diz:
hehe
[Constança] diz:
postei no meu outro blog.
uhunoviguaçu diz:
"nao vamo beija nao"
uhunoviguaçu diz:
"só la fora"
[Constança] diz:
ocêis tem coração tudo bão.
[Constança] diz:
poe ela no colo, bial.
uhunoviguaçu diz:
velho babão.

Tadinha da Garota. Garota querida, trabalhando por demais. Eu trabalho bastante, mas sempre arranjo tempo de, ainda que de casa, manter minha leitura, me informar sobre figurinos do oscar e sobre as últimas da Britney. E é por isso que, eu já disse, acabo me preocupando.

Hoje, em plena reunião de trabalho, me peguei discutindo Big Brother com o chefe. E isso foi depois de discutir coisas sérias. Concordamos que o alemão é carisma puro, mas que perdeu um pouco do tom. Concordamos que Irislene não presta pra nada, e juntos, também, chegamos à conclusão de que o jogo está com cartas marcadas. Então, Anne Louise, acompanhe a partir daqui. Cartas marcadas. Meu palpite é Siri sendo saída com 57% dos votos.

A Britney não vai bem. Raspou a cabeça, surtou. Entrou no salão, isqueiro e garrafinha de red bull na mão. Filhos? Nem sinal. Sentou, esperou, e não agüentou. Munida de uma máquina zero, raspou a cabeça. Vi em alguma foto um chumaço de cabelo na nuca, meio hare krishna, mas pode ter sido só impressão. Ou não. De Britney, espero qualquer coisa. Já careca, surtada, tentou ir na casa do Kevin, que não deixou ela entrar. Paparazzi fotografando, um vexame. Nossa Britney não se deu por vencida e, desta vez munida de um guarda chuva, bateu no fotógrafo, no carro dele, na câmera. As fotos estão por aí, põe no google. Ou no Youtube. Minha pena é de Sean Preston, e de Jayden James. Essas crianças já estão em débito com a terapia.

LíliA Cabral arrasa, assim, sem “n” no final. Rima com humilha. Eu te dou um desconto pelo excesso de trabalho. Achei Isabel e Renato bem morno, também. Mas confesso que adoro aquele tipão cafajeste. Gostei da menina gritando para o ônibus em chamas, mas me doeu a história do João Hélio. Achei que a Nanda ia salvar a Gabi do incêndio. Nanda está em todas. Alguém precisa mandar ela seguir aquele corredor comprido em direção à luz. O caminho é aquele.

No mais, o de sempre. Oscar político, vestidos deslumbrantes. Destaque para Nicole imitando o laço gigante da Charlize ano passado. Valeu, ficou bom. Gostei das roupas da Gwyneth, mas Gwyneth é sempre Gwyneth. Adoro. Sofri por Miss Sunshine, vibrei pelo Scorsese e suas sobrancelhas gigantes. Mas foi tudo muito médio. Muito médio mesmo.

Então é isso, querida, as notícias são essas. Beijomeliga. Tomuitoaípravocê.

Esse blog verde não dá mais. Dificulta muito o processo criativo. E mais uma vez, afirmo, trabalhar emburrece. Faz dias que eu não leio meus bloguinhos. Tô por fora das últimas. Não sei o que minha cheriée Britney anda fazendo mundo afora. E enquanto eu vou ficando por fora da vida das celebridades internacionais, vou ficando por dentro dos macetinhos de excel e de ppt. Bela troca de merda.

Muita decepção a cena de sexo da Isabel e do Renato. A Martha é demais. A Irislene Stefanely deixa o BBB com 68% dos votos em menos de uma hora. Neste momento, Lílian Cabral brilha na tela da Globo.

Hoje eu tava pensando que o Mario Bros, o BBB e o corporativismo são linhas paralelas. Em todas essas modalidades, você precisa passar de fase pra ganhar o jogo. E eu tava pensando que eu não sou o Mario Bross e que eu nunca mandei fita pro BBB. Mandei currículo, eu sei. Mas eu não tenho coragem de ir lá no confessionário pedir pra sair. E talvez no fundo nem queira. E agora Bial?

Eu me preocupo com o tamanho dos textos da garota. E com quase mais nada. O inverno que está por vir e o desempenho do meu chuveiro elétrico nesta estação me preocupam. A falta de água quente na pia da cozinha e do banheiro também.

Também me preocupo com o meu pai, com a minha irmã e com meu trabalho. E com a minha vida sem uma de minhas xícaras listradas, que se quebrou. E com a possibilidade de que o telefone aqui de casa toque antes que eu acorde.

Com aquecimento global, confesso que não me preocupo. É muito macro. Eu me preocupo apenas em separar o lixo reciclável. E com o próximo momento da minha vida em que eu terei que, mais uma vez, procurar apartamento. E com as decisões erradas que eu ainda vou tomar.

A ida da Fani pro paredão me preocupa demais. Meu aniversário também me preocupa um pouquinho. A quantidade de reais que eu já gastei com análise, ô, me preocupam. Só isso.

Eu me preocupo. Mais do que gostaria, mais do que deveria. Eu me preocupo com as bebedeiras da Britney Spears, mas mais ainda com aquelas duas pobres crianças que, na ausência da mãe louca (ou morta ou internada para desintoxicação, ou sem calcinha e bêbada em alguma limusine) terão como única saída ficar com o pai, que também é um loser. Eu me preocupo com meus quadris e me dói o coração a cada vez que eles se apertam em uma calça jeans. Eu me preocupo com a tireóide da Flávia, e com a minha um pouquinho. Me preocupo com os rumos que a minha carreira vem tomando, com a prova do MBA na semana que vem e com o sábado que será perdido com um trabalho de grupo. Me preocupo com o tempo que eu passo em frente à tv e ao computador, mas no fundo eu lamento não passar mais horas. Me preocupo com os barulhos do meu carro, mesmo que ninguém mais os ouça e que me chamem de louca e paranóica. Com a fome na África, com o aquecimento global, com o calor infernal do Rio de Janeiro. Me preocupo com a minha bolsa de veludo suja, com o meu pai fumando, com a minha irmã e suas unhas compridas demais. Me preocupo com a minha dicção, com o meu falar rápido, e com o meu pensar mais rápido ainda. Mal sobra espaço entre pensar e fazer, vejam só. Chamam de impulsividade, eu chamo de burrice. Me preocupo com o meu déficit de atenção, que me faz prestar atenção em milhares de coisas ao mesmo tempo. Que me faz entender piadas internas de pessoas que não são minhas amigas. Que me faz juntar peças de quebra-cabeças que eu não preciso montar e, pior, que eu não gosto de ver montados.

Eu me preocupo com a garota perdida em São Paulo, por mais que ela saiba se virar bem. Me preocupo comigo perdida no Rio, e eu sei me virar também. Me preocupo com a programação da tv a cabo, com os novos seriados que eu não vou ter tempo de ver e com os antigos que eu já não consigo acompanhar. Me preocupo com a dor de cotovelo da Jennifer Aniston ao ver Brad e Angelina adotando e fazendo bebês, e posando em revistas com sua felicidade de plástico. Me preocupo que cada ator do elenco de Friends se estabeleça em outro seriado. Que os meus diretores queridos continuem fazendo bons filmes. Me preocupo com a revolução que a internet provoca na vida das pessoas, e com a minha parcela de responsabilidade pelo que eu coloco na rede, seja no trabalho ou em casa. Eu me preocupo com os milhares de corações que serão partidos sem que nada possa ser feito a respeito. Com aqueles que ainda acreditam. Com aqueles que são felizes, por desconhecerem a verdadeira tragédia que é estarmos todos perdidos, agora, nesse exato momento. Me preocupo com os que enxergam mais longe, que percebem mais que os outros, e que perdem as esperanças. A ignorância pode ser absolutamente libertadora. Eu me preocupo com o lugar onde foram enterrados os ossos do cachorro mais legal do mundo, o meu. Eu me preocupo porque não estava lá com ele quando ele fechou os olhos e morreu. Eu me preocupo com todos aqueles que, em algum momento, fizeram parte da minha vida, e que hoje não fazem mais. Com todos os que me adoram e com todos os que me odeiam. Eu me preocupo com os absurdos que eu já disse. Eu me preocupo que eu me orgulhe de alguns absurdos que eu já escrevi para magoar pessoas. Com a minha capacidade de virar prós em contras e de atacar quando me sinto acuada. E de me vingar quando me sinto injustiçada.

Eu me preocupo com todos aqueles que apanham por causa de preconceito, com os rumos que algumas pessoas resolvem dar às suas vidas. Me preocupo com o preço da pastinha de soja deliciosa que descobri no supermercado e que me viciei desde então. Com meu vício em Coca-Cola e em coisas que entopem artérias. Com as formigas que invadiram meu apartamento, e que me vencem dia após dia. Com a mancha de shoyu na minha saia plissada e com a minha bolsa de cabrinhas bebês que está imunda, mas que eu tenho medo de lavar e estragar. Com a minha péssima atuação em fotos. É inacreditável como eu fico horrível em todas elas. Eu me preocupo com a minha péssima pronúncia em francês e em desperdiçar momentos importantes por preguiça, comodismo e conformismo. Eu me preocupo com a Marcela, com quem eu não falo há mais de um ano. Com a nuvem de preocupação sobre a cabeça do Bernardo, e sobre a qual ele não quer falar, e que eu respeito. Com cada um dos meus amigos, com cada semana que eu não os vejo. Com o fato de na caixinha de Mentos existir um novo sabor, que eu odeio. Com o fato de terem parado de fabricar Trident sabor pêssego e maçã verde. Com a escassez de vendedores de balas Juquinha no meu mundo. Com os altos preços das lojas que eu gosto, com a ausência de casaquinhos legais na Zara. Com o meu vício em açúcar e cafeína. Com gente que não se posiciona, com o governo que me decepcionou, com toda a bagunça que se estabeleceu. Com a máquina mágica de doces do 7o andar, que de vez em quando surta, engole as moedas e não libera o pedido. Diz apenas have a nice day e não se fala mais nisso. Com todas as outras coisas que a gente investe e não tem retorno, e que, quando muito, recebe em troca apenas um have a nice day.

Eu me preocupo com a minha conta bancária e com todas as coisas que eu tenho e não preciso. Com todas as roupas que eu comprei pra usar uma vez e das quais não consigo me desfazer. Com a pia do banheiro pingando, com todas as músicas que eu não vou ouvir nunca e que eu adoraria, se ouvisse. Com o fato de que eu falo com a Fernanda cada vez menos. Com cada foto da época da faculdade que eu não apareço, porque eu não estava lá. Porque eu raclamava da distância, do horário, do tempo. E esse tempo não tem volta, e eu não estou nas fotos. Eu me preocupo com o que já foi, com o que é e com o que ainda vai ser. Mais do que deveria, mais do que gostaria.

Qual a classificação que se dá para uma pessoa que cogita viajar pela cvc turismo?

Mas eu fico perplexa.

Então era carnaval. E eu estava no Rio me surpreendendo com a beleza do Cristo Redentor e da Lagoa Rodrigo de Freitas. E com o azul do mar e do céu. E com árvores. Com coisas idiotas em geral. Me surpreendendo, me surpreendendo. Porque era o Rio de Janeiro.
E tendo que atender a Flávia às 7:55h da manhã, mandando eu me arrumar pros blocos. E recebendo mensagens de texto da mesma Flávia, que foi aos blocos, me dizendo que a Teresa Cristina estava no palco.
Aí oke. Poucas amigas, muita qualidade de amizade, muito assunto. Samba. Saudade. E fez-se calor o que era frio. E fez-se sol o que era chuva.
Eu precisava administrar o tempo entre a que sai pro samba às 7h da manhã e a que não sai pro samba por nada no mundo.
Bom, eu não sei o que deu na doida. Sei que não deu trabalho. A gente disse que ia pra Lapa. O destino do carnaval era cantar "se você pensa que cachaça é água". E ela disse que ia. Ok. Fingi que não fiquei absurdamente chocada, porque qualquer reação podia botar tudo a perder.

E não choveu. E eu já estava quase desistindo, quando travamos um desafio. E ela também é chegada nas coisas complexas. E ela sambou. E não acreditei que dali saia samba. Assim como não acreditei que fossem cantar a música do camarão. Mas era um dia histórico. Algo como um eclípse daqueles que só acontecem a cada 1000 anos. E eu vivi esse momento. Brilho. Muito brilho.
Eis que no meio da folia, resolvo fazer amizade com os gringos. Na busca por uma casa de amigos do exterior. Always. Viro pra gringa e pergunto pausadamente: Where aaare yooou from? Australia, ela disse. E perguntou pra mim: And where are yooou from?
Há. Momento de brilhantismo. Mais um, se é que era possível ainda mais luminosidade numa noite. Eu tinha um mundo pra escolher. Eu podia ter realizado meu sonho de ser francesa. Mas não. I´m from Brazil. Coisa de bebum.
Depois ensinei ela a sambar. E ela disse ou-bri-ga-rá. Ah, também ensinei ela a comprar 3 cervejas for five real. Mas não alcancei meu objetivo maior, o da casa. De nada gringa, tchau.

Aí resolveram ir embora e não entendi direito o motivo. Sei que ainda fiz amizade com o Zulu. O cachorro da rua. Ele tentou me morder, mas eu reagi. Zulu malígno. É bem o tipinho de ser vivo que eu gosto. Difícil. E fiquei amiga do Seu Fernando. Vendedor de cerveja nas horas vagas que criou um filho farmacêutico e que pretende formar a filha, Fabricília, bombeira. Faturou R$700,00 em bebidas aquela noite. Deve ter tido um custo de R$300,00.

É o que eu SEMPRE digo. Camarão que dorme a onda leva.

Se ela dança, eu danço.

Então era Carnaval. E o mundo corporativo liberou a garota para passar alguns dias no Rio de Janeiro. Achei bom, mas quando vi que ela estava combinando eventos outdoor, ao ar-livre e embaixo do sol escaldante, pensei, já era. Eu queria cinema, coisas civilizadas. Restaurantes, casas de amigos, um filme ou outro no DVD.

Então a garota quis ir à praia e eu mandei a minha irmã ir me representar, enquanto ficava em casa, em ambiente refrigerado, tomando coca-cola gelada e fazendo downloads. Eis que, no meio da tarde, surgem as duas, de biquíni, dizendo que a gente ia para a Lapa. Eu não sei por que eu disse que ia, mas fato, eu disse. E isso foi realmente impressionante. A condição era que não me levassem para sambinhas, porque ia ser muito caótico e eu era alguém civilizada. Eu era.

Na Lapa, imaginem. Eu fui à lapa em festinhas ploc no circo voador, em feirinhas ploc, ao show do Franz Ferdinand. Não sou ploc, sou simpatizante, é importante mencionar. Acho a lapa uma graça, tão bonitinha. Tão “in”. Não sei como fui parar lá. Estava com dor de estômago, mas entrei no clima, coloquei anteninhas e me meti no meio da multidão. Adoro anteninhas. Então, como estava tudo muito absurdamente cheio, as pessoas ficavam zanzando de um lado para o outro, e eu seguia o fluxo. Peixe fora d’água. Peixe fora d’água, usando anteninhas. Eis que eu percebo que as pessoas estão me levando para um samba. Não houve tempo para reação. Era o caos, a barbárie. Desconhecidos suados, bêbados e esbaforidos esbarravam no meu vestidinho, pisavam nas minhas sapatilhas tão cuidadosamente escolhidas. Poças de resto de chuva, xixi (o horror, o horror), cerveja derramada. Pessoas se acotovelavam, me acotovelavam. E eu ali, preocupada em não estragar (mais) os meus sapatinhos de amarrar na canela, escolhidos para a visita à lapa.

A garota gritava, louca, alguma melodia que eu não conhecia, mas que devia ser um samba. Dedos em riste, um chapéu de oncinha tomado de um transeunte. Praticava amizade com qualquer um que tentasse vender cerveja, mandava dançar. Dançava, gritava. Dançava no meio de rodinhas desconhecidas. E cantava. E gritava.

“não pense que meu coração é de papel,
não brinque com o meu interior,

camarão que dorme a onda leva
hoje é dia da caça, amanhã do caçador”.

Minha irmã, percebendo o meu desespero, me comprou uma coroa. De princesa. Brilhava com luzinhas que piscavam. Adoro coroas. Daí, me entreguei. Comecei a sambar, o que causou alguma comoção no grupo. Desisti de ser do contra, pulei carnaval, falei com desconhecidos, acotovelei pessoas. Danem-se as sapatilhas.

Então, era Carnaval. E, pasmem, eu me diverti.

Pasmem: lá na lapa

Sem mais.

O Rio é lindo. O céu é azul. As árvores são verdes. O Rio é lindo, lindo, lindo.

Ontem foi um dia estranho. Um dia normal, mas com revelações estranhas. Revelações óbvias, nada demais, eu já sabia, rá, mas é sempre uma surpresa ouvir.

Sabe quando você tem certeza de que alguém não gosta de você? Na maioria das vezes, você também não gosta da pessoa, e a especulação nem chega a ter algum valor. É algo que você imagina, não é real. Mundo das idéias. E, você pensa, se for real, dane-se, e daí. Não ligo. Mas aí, de supetão, como um raio, chega alguém e diz. Aquela pessoa (ou pessoas, ou whatever) me disse que não gosta de você. E isso joga o mundo das idéias no mundo real, e isso vira algo com o qual é preciso lidar.

Eu não lido bem com rejeição. Tenho uma tendência doentia a levar tudo para o lado pessoal, mesmo. E sei que não deveria me importar com o que os outros dizem ou pensam de mim, imagine. Mas a verdade é que eu me importo mais do que deveria e muito mais do que gostaria. E a tal revelação lá de cima acabou me deixando meio paranóica. O que eles disseram, eu perguntei. Nada, foi a resposta. Não posso dizer. Junto ao "não posso dizer", esboçou-se um arremedo de sorriso, de algo engraçado e que, pior, a pessoa que portava a notícia, concordava. Senão não ria, simples assim. Fiquei infernizando, perguntando o que exatamente foi dito, por quem, em que contexto. Mas o que gritava dentro da minha cabeça era outra questão, ainda mais importante: "como alguém pode não gostar de mim?". Eu me acho legal, sabe? Engraçada, essas coisas. Espirituosa. E eu entro em uma loucura de achar que é obrigação das pessoas me acharem legal. Mesmo aquelas que EU não gosto. Sei lá. Acho que Hitler devia pensar assim.

Então, fiquei com raiva. Raiva das pessoas que não gostam de mim (porque eu não sou adorável coisa nenhuma, porque eu reclamo delas também, porque boa parte da minha ironia e do meu sarcasmo são direcionados a elas em horário comercial), e raiva da pessoa que vem me contar uma coisa dessas. Porque eu era mais feliz apenas especulando, e eu não quero saber que alguém disse com todas as letras que não gosta de mim. E porque eu não consegui arrancar mais nada, nenhuma informação relevante dessa pessoa, e porque eu acho que ela não deveria - sendo minha amiga, veja bem - circular com tanta desenvoltura entre dois grupos tão opostos, e porque ultimamente eu tenho juntado peças de um quebra-cabeças que eu não gosto de ver montado. Not pretty. Not pretty at all.

E então, voltamos à Constança paranóica em versão Big Brother, aquela que sai da casa com 93% de rejeição. E eu não sei até que ponto eu fui prejudicada com a edição. O resultado dessa confusão toda dentro da minha cabeça foram três sonhos intranqüilos. No primeiro, eu era ODIADA pela minha turma de mba. Eu chegava em uma mesa onde estavam todos sentados e não era nem um pouco bem vinda. Eles ficavam cochichando entre si algo como "o que ela está fazendo aqui, quem chamou essa garota", etc. No segundo sonho, um macaquinho entrava na minha casa, me perseguia, pulava em mim e me mordia no pescoço. Mordia doído, uma dor que me acompanhou no terceiro sonho e que me fez olhar no espelho, de manhã, pra ver se tinha alguma marca. Pois bem. Eu tentava matar o macaco com um cabo de vassoura, mas ele era mesmo impossível. No terceiro sonho, algo típico de momentos de stress, a nova versão do sonho "pelada na escola". Eu sonhava que perdia o meu carro, que eu não achava ele onde eu tinha parado, ou não sabia bem onde eu tinha estacionado. Ficava lá, com a chave na mão, procurando um carro que não existia. Sem chão.

Daí, cheguei à brilhante conclusão de que talvez seja a hora de eu voltar a encarar o psycho. O analista, aquele a quem eu dei alta há menos de um ano atrás.

Ontem eu me lembrei da nota que eu sempre me dei. Nota 10. Eu tinha esquecido.
Em toda avaliação de trabalho, eu tenho vontade de me dar 10 em tudo. Mas não posso, dizem que pessoas que se dão 10, acreditam que não têm que melhorar em nada.
Eu tenho muito o que melhorar. E sei que eu tenho. E o fato deu ter a real convicção de que eu tenho que melhorar, já me dá um 10 em senso de realidade.

Eu tenho a maior concentração de celulite por metro quadrado de todas as bundas vivas. E minha bunda não é nota 10. Mas eu não ando com a bunda de fora por aí. E sinceramente, não há muito a ser feito quanto às minhas celulites. Elas vão permanecer lá. For ever and ever till the day i´ll die. Mas oke.
Eu sou nota 10, apesar da bunda. Sou corajosa. Encarei o símbolo* com três meses de auto-avaliação. Deitei pra verdade. Vem, pode falar. Fala filha da puta. Fala que eu aguento. E eu aguento. E depois que eu aguento eu me acho nota 11. Porque não é simples deitar lá e ouvir.

Mas uma vez em pé, eu sou a menina da casa colorida, da casa mais linda do mundo. A menina colorida que tinha perdido 10% do brilho. A menina do brilho, que brilha. A Ana Luiza que minha mãe me disse um dia. A Ana da Luz que há de brilhar sempre, onde ela passar. No caso, eu.
Meu pote de brilho está aberto novamente. A fornecedora de purpurina volta a ser eu.

*a mary w me ensina coisas. ela que me chamou atenção para o fato de que há de se ter muita categoria pra chegar lá e deitar no símbolo. ela que chama divã de símbolo. adoro a mary w.

Queridos fabricantes da bala Mentos. Preciso me abrir com vocês. Tenho uma reclamação séria pra fazer, um pedido, em nome de todos os adoradores da balas mastigáveis.

Sou consumidora antiga do seu produto. Cinema pra mim só tem sentido se for com bala mastigável. Bala mastigável, pra mim, é Mentos. Ou era, não sei. Estou por demais confusa com o rumo que as coisas foram tomando. Eu gostava daquele tubinho com Mentos de fruta, em três sabores, laranja, limão e morango. Três sabores, veja bem. Achava meio chato porque um tubinho nunca parecia ser suficiente, e sessão de cinema completa, tinha que ter três. Três tubinhos, com três sabores sortidos, escolhidos ao acaso quando as luzes do cinema estão apagadas. Uma surpresa descobrir qual seria a próxima bala. Todo mundo gostava da rosa, a de morango. Eu não. Adorava a de laranja. Tão docinha, tão refrescante. Bom mesmo era achar uma de cada e colocar logo as três na boca. Mastigar tudo junto, assim, fazer um bolão doce sabor tutti-frutti, que naturalmente demoraria mais tempo para acabar.

É preciso dizer, ainda, que minha fidelidade não se abalou nem quando eu quebrei a minha obturação em uma bala extra dura, sabor limão. Porque um dos segredos de Mentos é esse. Nos dias quentes, elas são mais molinhas, nos dias frios, são potencialmente assassinas de obturações infelizes. Um dia, minha obturação se foi. 1 x 0 para a bala. Não reclamei. Fui ao dentista, consertamos o pequeno estrago e lá estava eu, feliz e sorridente, lépida e fagueira, com mais três unidades sortidas dentro da boca, misturando sabores, explodindo em sabores de frutas. Alegria, alegria.


Não gosto da Mentos de hortelã, vejam bem. Já as achava meio estranhas desde muito antes dessa onda de mandar tudo para os ares, explodir garrafas. Não gosto de Coca-light, não gosto de Mentos sabor hortelã. Não ligo, não me afetam essas explosões. Se a combinação fosse feita de Coca comum e Mentos de fruta, eu me rebelaria, faria passeatas, pelo fim ao desperdício de Mentos de frutas e Coca-Cola comum. Mas não. A causa da Mentos hortelã não me mobiliza at all.

Foi com grade felicidade e alegria genuína que eu descobri a caixa grande das minhas balinhas queridas, sortidas, chacoalhantes no mega box colorido. Ou no copinho, tão fofo, colorido e igualmente barulhento. Alegria, alegria. Parecia que vocês tinham lido a minha mente. E lá fui eu para o meu cinema, com minha personal Mentos supply. E algo aconteceu. Da minha caixinha feliz saíram balas de sabores desconhecidos! Uma roxa, ou vermelha, meio fluorescente, quase radioativa. Depois de muito custo, muita degustação, a revelação: sabor frutas vermelhas. É importante mencionar que só descobri do que se tratava ao ler na embalagem. Meu paladar tão apurado e desenvolvido em degustação de balas não conseguiu identificar tamanha aberração. São docinhas, como as outras, mas agem nas papilas gustativas de modo pouco familiar, ardem. A produção de saliva aumenta, triplica, quadruplica. Os olhos ardem, lacrimejantes. Não são balinhas inofensivas, capazes de apenas trazer alegria àqueles que as consomem. São balas malignas, de sabor ultra forte, com poderes de desconcentrar suas vítimas. Qual era o filme mesmo? O que ele disse? Não sei, foi a bala. A bala quer ser a estrela, não lhe cabe o papel de coadjuvante. Então, lá, perdida no meio das malignas balas vermelho-roxas, restaram umas poucas antigas companheiras de laranja, limão e morango. Elas ficam encolhidas no canto da caixinha, humilhadas no meio de tanto sabor. Sabor demais, por favor, entendam, não é qualidade. Eu gostava de suas personalidades suaves e dispostas a fazer o meu dia um pouco melhor. As roxo-vermelhas não aceitam ser renegadas, precisam ser as estrelas da caixa. E se multiplicam. E invadem o ambiente, me tiram do filme, gritam, berram, me fazem chorar.

Então, em nome de todos aqueles que foram prejudicados com essa pequena crise de personalidade da bala em questão, peço que coloquem a pobrezinha na terapia, amansem a sua personalidade. Personalidade demais é problema. As balinhas são geniosas, hiperativas, bipolares. Precisam ser domadas, educadas, adestradas. Nós, pobres consumidores, não devíamos sofrer com suas crises de auto-afirmação, de “oi, eu sou a Mentos frutas vermelhas, eu tenho MUITO sabor”. Não. Queremos balinhas comportadas, com doses adequadas de açúcar e alegria, dispostas a colaborar com a experiência que é assistir um bom filme sem engasgar com excesso de saliva, sem lágrimas que não sejam provocadas pela história. Balinhas seguras de si não precisam de tanto sabor. Elas sabem o seu verdadeiro valor. E, exatamente por isso, fazem as pessoas felizes, que é a verdadeira missão da vida de uma bala.

Sinceramente,
Constança.


Se ela dança, eu danço.

Declaro aberta a seção “Se ela dança, eu danço”. Também me confesso.

Confesso que já comi hóstia, só pra saber como era, sem ter feito primeira comunhão e sem ligar a mínima para o que aquele sacrilégio representava.
Confesso que rezei e acreditei em Deus boa parte da minha vida. Confesso que não acredito mais.
Confesso que não tenho passaporte, e que nunca saí do país. Shame on me.
Confesso que reclamo a maior parte do tempo, e que meu copo está sempre meio vazio.
Confesso que odeio gente meiga, odeio gente burra e gente boazinha. Confesso que sou maldosa, e às vezes meio sádica. Confesso que sou extremamente rancorosa e meio moralista.
Confesso que pequenas coisas salvam o meu dia, como comprar um cubo mágico ou um rodinho de pia. Descobrir um seriado novo, receber um telefonema daqueles que duram horas ou dormir no sofá, entediada.
Confesso que também gosto da Wanessa Camargo, enquanto pessoa, mas acho a musica dela um lixo. Confesso que sei cantar aquela música da Perla, do “não atende o celular”. Confesso que amo Big Brother, e que torcia para o Alemão, mas não torço mais. Agora é Fani. Uhunoviguaçu.
Confesso que penso em inglês, às vezes. Confesso que travo brigas imaginárias com pessoas com quem não consigo brigar pessoalmente. Confesso que algumas músicas da Britney e dos Backstreet Boys são brilho puro. Confesso que sabia a letra de várias músicas do Só Pra Contrariar e que já fui a um show da Ivete Sangalo, quando ainda não tinha personalidade, e que me diverti horrores.
Confesso que me acho meio parecida com a Deborah Evelyn, mas não acho isso nem um pouco bom. Confesso que já roubei borracha nas Lojas Americanas, mas tive remorso depois.
Confesso que me apego cada vez mais a objetos. E cada vez menos a pessoas. Confesso que me acho meio sem-graça, mas que o blush e o rímel têm operado maravilhas na minha vida.
Confesso que choro sozinha, escondido. E rio também. Confesso que falo sozinha e me acho muito engraçada.
Confesso que acho que nunca vou conseguir aprender francês. Confesso que tenho medo de ser abduzida.
Confesso que imitei o tema da Ana Luiza.

Preciso me confessar.
Confesso que sempre quis comer hóstia. Confesso que não sei comprar cds, dvds e não sei nada sobre cinema. Eu tinha uma fita do Só pra Contrariar no meu walkman. Eu cantava a música da chicotada na barata. Eu sempre tive muito medo dos bate-bolas. De bombeiro então, pavor.
Muitos dos livros que todo mundo leu, eu não li. Confesso que tenho tido vontade de deitar no divã, mas confesso que falta coragem.
Confesso que eu gosto de São Paulo.
Confesso que tenho achado o Caetano Veloso bem chato. E confesso que dou ibope pra Wanessa Camargo. Acho ela legal.
Confesso que vez ou outra eu leio horóscopo. Confesso que tenho sérios problemas de ortografia.
Confesso que eu acho legal casar vestida de noiva e que teimo em acreditar em felicidade para sempre.
Confesso que embora eu diga e repita e insista que quero morar na Europa, acho que se eu quisesse tanto assim, já teria ido.
Confesso que acreditei no meu ex-chefe por uns seis meses. Confesso que esse cara me fez dar um passo pra frente. Confesso que não consigo economizar o tanto que eu gostaria. Confesso que eu compro coisas que eu não preciso.
Confesso que sempre choro na análise e sempre vou pra lá dizendo que já posso ter alta. Confesso que minha mãe me irrita demais e confesso que sou muito parecida com ela.
Confesso que achei o filme da Rainha muito nota 6. E confesso que não vejo a hora da Fani exercer sua liderança.
Ah, e confesso que a-do-ro a Ivete Sangalo.

Passei pelo dia. Mas me tiraram um pedaço. Meu celular.

Flávia estava aqui, no hotel em que se transformou a minha residência. Foi me encontrar na firma. Levei a garota pra conhecer a firma. E na saída ela ficou com o crachá. Ela adorou poder ficar com o crachá de visitante. Coisa de carioca.
Fomos passear com nossa amiga japonesa. Numa das passeadas, deixamos o carro com o manobrista. Dez reais. Meu celular ficou dentro do carro e nunca mais voltou. E dentro dele, todos os números que me conectam ao mundo.

Ok. Isso tá longe de ser um problema. Foda-se esse telefone, afinal.

Chegamos em casa. Tinha uma porrada de telefonemas da firma no telefone da minha casa. Deviam estar atrás do crachá. Certeza.

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Fui comprar um telefone hoje. Todos bem caros. Tinha um que era 99 e minimamente aceitável. Não. Nem era aceitável, mas era 99.

Moça, aquele telefone ali. Bom, eu não recomendo não. Mas porque moça? É Motorola! Dizem que é bom! É que esse telefone é pra mudo.


Atônita: pra surdo e mudo?

Ela disse: vai ali que eles te explicam melhor.

Bom, after that, resolvi mudar de operadora.


Em dia que a garota está mal, e passa, eu assumo. Com um texto chato, pra seguir a onda.

Andaram dizendo que meus posts estão chatos. Fiquei profundamente magoada, ferida de morte mesmo. Não que eu nutra inseguranças com relação a eles, não mesmo. Se tem algo que eu sei fazer, é escrever. É meu trabalho no mundo real. Eu já faço textos esperando aprovação o dia inteiro, o tempo todo. Escrevo esperando um "sim", ou um "não", ou correções. Se eu escrevesse mal, não estaria trabalhando.

Eu leio blogs há anos. Alguns posts são excelentes, alguns são médios, alguns totalmente desinteressantes. Jamais eu comentei um post, de qualquer pessoa que fosse, criticando, dizendo gostei ou não gostei. Eu comento o assunto, caso tenha algo a dizer. Senão, valeu a visita, no comments at all.

E eu não quero começar a escrever esperando a aprovação de ninguém. Já basta isso em horário comercial, sério. Mesmo. Então, se eu for chata, ignorem. Se eu não fizer um texto absurdamente legal ou divertido, ignorem. Não é concurso. Não é avaliação, não é competição entre os meus textos e os da outra garota. Eu adoro os textos da outra garota, muito mesmo. Odiaria competir com eles.

E eu já fiz o momento tréplica uma vez, criticando a crítica do Mister P, um dia, lá no histórico. Era fácil criticar o engraçadinho, ele tem telhado de vidro. Posso brigar e espernear com qualquer um, discutir. Pra mim, nenhuma discussão nunca está acabada. Eu sempre tenho algo a dizer, preciso ter a palavra final. É minha. Posso ser realmente irritante com isso, deixar as pessoas malucas, só porque preciso mesmo convencê-las de que eu estou certa. Mas talvez eu não esteja, e alguns textos sejam chatos. Outros não.

Se quiserem me atacar, digam que eu sou chata, não os textos. Anotem a dica. Digam que eu irrito, que minha companhia incomoda, que meus quadris não têm jeito, não importa quantos quilos eu perca. Falem que eu pareço forçada, que ando desengonçada, que me visto mal e minha postura é péssima. Que eu falo muito palavrão, sou de lua, reclamo de tudo. Digam que eu não aceito críticas. Que eu não aceito ser contrariada, que não vejo quando erro, que sou orgulhosa, péssima pessoa. Que eu desperdiço água, incomodo os vizinhos, ignoro limites. Digam que eu maltrato golfinhos e mato cabrinhas bebê em troca de bolsas deslumbrantes. Mas jamais, jamais, maltratem meu textos.

Dia que eu não to bem, eu passo. Mas mesmo passando, preciso passar pelo dia.

Ainda antes de sabermos que a estagiária wannabe escrevia tão mal, um outro assunto nos consumia em nossas conversas de msn. Ela era feia, a garota disse, bem feia.

“Quão feia?”, eu perguntei. “Muito mesmo”, ela disse. A questão é que além de ser feia, ela foi dizer para a Ana Luiza que é reservada. E se tem uma coisa que Ana Luiza não é, é reservada. Eu sou reservada. Eu jamais puxaria uma conversa com Jean, imagine, pra ainda por cima ensinar o moleque a pedir uns trocados. Eu iria me sentir mal porque o sistema fez com que ele tivesse menos oportunidades que eu e etc. Ficar mal por alguns segundos e seguir com a vida. Ser reservada nunca me abriu muitas portas. Sou meio cheia de cerimônia com pessoas com quem – se eu fosse mais aberta – eu me daria muito melhor. Ana não. Ana é o oposto de reservada. Ela usa meias coloridas, e me ensinou a usar mais maquiagem. Ela passa blush na cara de qualquer um que esteja meio pálido, assim, sem nem perguntar.

E a garota disse que era reservada. Se ela fosse reservada, apenas, isso não seria um problema. Mas é que, além de reservada, ela parecia a Mortiça Adams. Pele branca, cabelos negros escorridos e divididos ao meio. E feia. Eu ponderei que pessoas feias não podem se dar ao luxo de serem reservadas, porque as coisas são mais difíceis pra elas. Uma pessoa feia tem que ser simpática, engraçada ou inteligente. Senão, já era. Morreu. Adeus.

Sei que essa teoria parece coisa de quem é fútil, mas eu sei bem o que eu falo. Basta perceber por aí como tem muito mais gente bonita sendo mal-educada do que gente feia. Porque quem é bonito não precisa se esforçar para ser aceito, já o é naturalmente. Os feios precisam ser criativos.

Um exemplo advindo do mundo animal, pra explicar melhor: Ana tem 3 cachorros. Três poodles, típicos. Dois deles, o Fred e aquele que eu não sei o nome, são lindos. Poodles de televisão, branquinhos, fofinhos, menores. O outro, o Cookie, é feio. Grande, desengonçado, bem maior que os outros dois. Cookie está perdendo pêlos em algumas áreas do corpo e os pêlos que insistem em permanecer estão ficando avermelhados, meio cor de carne, não sei. Magenta. É um cachorro estranho, fato. Cookie é inteligentíssimo, do tipo que abre portas e tudo. Cookie PRECISA ser inteligente, porque os outros conquistam pela beleza. Cookie precisa ter algo mais. Os outros cachorrinhos, os lindos, não precisam. E é por isso que o Fred já me abocanhou o calcanhar com seus dentes afiados três vezes, e que o outro nem se dá ao trabalho de praticar amizade comigo. Eles são bonitos.

Pessoas bonitas, genuinamente bonitas, não precisam se esforçar. As médias podem ser interessantes, charmosas, engraçadas. As feias podem ser engraçadas, irônicas, e têm que ser inteligentes. Regra. Não tem muita escolha, muita saída.

E então, se a Mortiça lá de cima é feia, reservada e escreve mal, o que fazer por ela? Ela TINHA que escrever bem, fazer um texto arrebatador. Ela não deveria precisar dizer que estava sendo irônica, porque a boa ironia é percebida na hora. Ela deveria ser engraçada, espirituosa. Ao invés de se dizer reservada, poderia se descrever como eu fiz, quando eu era uma wannabe: sou adorável. Eu, que não sou nem um pouco adorável, mas que tenho potencial para sê-lo, ia dizer que sou reservada? Claro que não. Ia dizer que sou louca? Claro que não. Sou adorável.

Lembram daquele cara bonzinho pácaralho? Pois então. Tenho novidades.
Eu tava me achando a pior pessoa do planeta, e sempre ficava pensando que se eu estivesse no BBB, com câmeras filmando o meu comportamento, eu seria expulsa com 97% dos votos.
Depois que eu expressei neste blog, meus sinceros sentimentos de desapreço pelo Mr. Better Person in the World, eu, confesso, tive que recorrer a ele. Pois eu comprei um roteador pra ficar com meu note sem fio. E eu precisava criptografar a rede. E tava dando pau. E quem poderia e adoraria me ajudar? Quem?
Aí, eu, malígna, pedi ajuda. Ele disse que poderia ir até a minha casa, depois de inúmeras tentativas fracassadas. Não. Aí é demais. Fico com fio mesmo. Cheguei até a trazer o roteador pra que ele instalasse na casa dele. E assim ele o fez.
Até que um dia eu trouxe o note pro serviço. Sim, o meu note. Com tudo meu. E ainda assim nada.
Eu consegui sozinha, numa bela noite de sexta-feira. E fiquei feliz pra burro quando vi o lance do skype ficar online.
Até aí, eu sou uma pessoa péssima, que fala mal dos outros, mas que recorre a elas quando de meu interesse.
Hoje, uma menina aqui da firma me pergunta no msn se eu já tive alguma espécie de desentendimento com ele. Fiquei super hiper master mega tensa. Será que ela teria descoberto o blog? Fudeu. Rá-ré-ri-ró-rua.
Mas me acalmei e continuei. Mas porque? O que passa? Ele não é seu amigo? Ele não é bonzinho?
Eu já intuía que ele não era uma pessoa de good feelings. Mas agora eu tenho certeza. O cara é o maior tarado da galáxia. Também já intuía. Ele deixava bilhetes na mesa da menina todas as manhãs. E deu ursinho de pelúcia no aniversário dela. E é casado com uma senhoura uns 20 anos mais velha.
Ai pensei, que caso estivéssemos no BBB, sendo filmados, as câmeras teriam visto ele deixando bilhetes apaixonados e comprando bichos de pelúcia cafonas e baratos, de pelos brancos e duros (não sei, mas um dia eu ganhei um desses, daqueles que seguram um coração vermelho bordado com uma mensagem altamente acaba com qualquer sentimento) de parque de diversão de interior.
E teriam filmado ele ligando pra ela, na mesa dela, um dia de manhã, falando que estava muito triste porque ela estava fria com ele.
Eu já sabia Galvão. E nesse BBB, eu sou a winner.

Perdi meu anel de prata com madeira. Era bem lindo mesmo. Acho que perdi no banheiro.
Queria achar, mas não vou morrer por conta dele. Estou me desapegando do material. Élevando.

(um dia preciso contar a história do éleva) (insistam pra eu contar)

É comum que as mulheres esqueçam anéis no banheiro. E hoje foi o meu dia (eu sempre fui contra escovar os dentes e isso reforça meus sentimentos contra dentes limpos). E normalmente as que acham deixam bilhetes avisando do paradeiro dos anéis. Eu deixei um assim "perdi um anel lindo" e o número do meu ramal. Mas eu queria deixar um assim:

Mulheres do meu Brasil,
Perdi o meu anel. E todas vocês, eu sei, sabem a dor que é perder um anel. Ele era muito companheiro, andava pra cima e pra baixo comigo. Eis que um dia eu o abandono sobre esta bancada de mármore gelado. Imaginem o sentimento de rejeição que ele deve estar sentindo. Dói meu coração. Meus dedos choram de saudade.
Conto com vocês. Na luta por dedos enfeitados.
Ana Luiza.

Mas isso me transformaria na maluca da firma.
E você? O que você acha? Eu devo ou não devo expressar meus sentimentos?

Então que a garota precisava contratar estagiários. Sempre peça um texto, ela disse. Concordo. Textos dizem muito sobre a pessoa, desde a forma com que as vírgulas são dispostas até mesmo pelo tema escolhido. Quando você tem a oportunidade de enviar algum texto seu para alguém que vai te avaliar por isso, seja um amigo, o seu futuro chefe, whatever, isso é importante. Este é um momento que requer muita concentração, muito senso. Muita calma nessa hora. Pesa a escolha do texto, a forma com que ele foi escrito, o bom português, a forma com que você se coloca, se expõe, se exprime. Palavrões são permitidos, se bem usados e, claro, se quem for ler parecer não se importar com um punhado de palavras feias. E a garota precisava contratar estagiários.

Quando eu fui contratada, tive que mandar um texto. Mandei três. Um sobre o meu nome, um explicando os motivos pelos quais eu prefiro os cachorros aos gatos e um sobre o quanto eu odeio natal. Os três eram bem escritos, of course, mostravam como eu me expressava, um deles tinha dois ou três palavrões que não foram um problema. Doze horas depois da entrevista eu estava contratada. Mas a vaga era pra redatora, então, tudo bem. Um texto diz muito sobre uma pessoa. Mais do que qualquer um pode imaginar. Eu posso ganhar respeito imediato por uma pessoa que articule as próprias idéias. Em compensação, uma pessoa que não escreva bem e direito, perde pontos. That’s me, sorry.

E a garota precisava contratar estagiários. E disse que sempre é preciso pedir um texto. Eu nunca contratei ninguém, já é tarefa suficientemente trabalhosa tomar conta de mim mesma. Mas concordei, concordo. Sempre peça um texto. Então, a garota que ela entrevistou na semana passada, e cuja descrição física já vale um post exclusivo, mandou hoje, não um, mas três textos. Três péssimos textos. Muito ruins, impossíveis de serem lidos. Ela não conseguiu, me enviou, e eu, guerreira, sofrendo linha após linha, consegui terminar.

A apresentação, o e-mail que ela mandou pra justificar o envio dos textos era algo, assim, indescritível. Mentira, era nada, descrevo: “para que possas me conhecer melhor e ter uma base mais sólida”; “Espero não estar bombardeando-te com tantas palavras”. E por aí foi.

Eu poderia citar exemplos dos erros de colocação. De como ela disse que escreveu uma carta, “cuja própria começava assim”. De como ela confundia briGAM com briGÃO, erro de terceira série. De como ela se enrolava nas próprias palavras, tropeçava e confessava que não estava conseguindo se expressar. De quando ela disse “Junta a sede com a vontade de comer, mas não tenho a porra do prato e nem o copo.” Nem o ditado ela acerta, a coitadinha. Fome, vontade de comer, né? Assim fica melhor. De quando ela filosofou sobre pregos, e a importância de escolher o prego certo em um saco com quinhentos pregos e martelar direito, para que ele não entortasse. Porque você podia se confundir e escolher o prego errado, ou então poderia querer justamente o prego que não estaria no saco com os outros quinhentos. E a busca pelo prego permaneceria, porque o prego que você (ela!) escolhesse martelar estaria para todo o sempre fincado ao seu lado (dela!), na madeira ou em uma árvore no meio da floresta. E que ele, o prego, nunca poderia esquecer da martelada que foi dada em sua cabeça. Pobre prego.

Eu queria gritar com a garota, dizer: “O que você estava pensando ao enviar isso para uma pessoa que está pensando se deve ou não te contratar? Are you insane?” Queria achar ela no orkut, ver as comunidades, as fotEEEnhas, o blog. Sim, porque esse texto só pode ter saído de blog. Onde é que ela iria escrever tanta coisa?
Não sei. No final do dia o meu coração, que é bom (que nem o da porrrta do big brother), se acalmou, e eu resolvi deixar pra lá. Ao final do dia surgiu outro garoto, outro prospect. E estamos aguardando o texto. E torcendo por dias melhores.

Música para os meus ouvidos

Dia 4 é par. Meu dia. Eu sei disso. Ia deixando pra hoje, dia 5, as usual, pra escrever no dia da garota e dar mais motivos ainda para reclamações. O grande problema é que domingo não é um dia assim muito cheio de assuntos. Segunda é. Sempre.

Fato é que cheguei ao trabalho e algo inédito se assucedeu. Música. Música para os meus ouvidos. Acontece que há meses, nos intervalos das minhas reclamações sobre o ar-condicionado gélido, eu reclamo da falta de som no meu computador. Todo mundo escuta música, menos eu. Condenada ao silêncio, a barra conteúdo fica ali, tentando se distrair do barulho dos outros. Pra alguém com DDA, ser condenada ao barulho dos outros é a morte, o horror. Distraída, sem conseguir me concentrar, eu acabo distraindo os demais. É óbvio que a conversa rende. Eu falo pra caramba, e se alguém cair na besteira de me responder, ou simplesmente olhar pra mim, este pode ser um caminho sem volta. Geralmente é.

Então, hoje, música. Com fones, imaginem só! Tem até controle do volume do som no fio. Muito brilho. Brilho puro. Eu adoraria acreditar que ganhei música porque meus co-workers se preocupam com o meu bem-estar, e porque eles querem que eu não me sinta excluída, e porque é sempre muito bom fazer alguém feliz. Um presente por ser uma boa pessoa, sabe? Pois acontece que eu não sou uma boa pessoa, e provavelmente eu incomodo falando muito, e me distraio, porque, como já disse, sou condenada ao silêncio. Era. Agora, com música e fones, fico quietinha.

E daí que eu sou distraída? O meu trabalho é feito, bem feito. Sou multimídia, consigo falar, escrever, trabalhar e ler ao mesmo tempo. So sorry. Problema dos outros se eles não são. Mas valeu o presente. Ô, se valeu. Elvis me fez companhia o dia todo.

Dia 4 é par ou ímpar Constança? É Par. De quem são os dias pares? Seus. E qual vai ser a desculpa dessa vez?

Na firma da garota tem uma Júlia que defende golfinhos e que come granola. Aqui na minha firma também tem uma Júlia que não come nenhuma espécie de carne, mas que toma leite de soja e toda a sorte de alimentos integrais e alternativos. E que toma café sem açúcar.
Eu, particularmente, enquanto pessoa, desconfio de pessoas que não comem carne e especialmente de pessoas que tomam café sem açúcar. E desconfio de pessoas que comem granola feito sucrilhos. E agora desconfio de todo ser humano que se chama Júlia.

No meu colégio tinha uma menina chamada Júlia. Ela era bem branquinha, com um cabelo castanho escuro liso escorrido, olhinhos puxados, bem bonita. Ficava com todos os garotos do colégio. Era uma das top ten. Júlia não prestava nenhuma atenção na aula, era da turma da bagunça, e só tirava oito. E oito, vocês sabem, é uma média muito decente.
Essa Júlia também ficou meio tãntãn. Namora um surfista baixinho de 1,48 há uns 10 anos, virou surfista e agora tá loira queimada de sol. Totalmente esquisita.

Com essa Júlia do colégio já não tenho mais contato, mas essa aqui da firma até que é legal. Embora eu desconfie da falta de proteína animal no bom funcionamento cerebral. Rimou. hehe.

Feira Benedito Calixto. Minha mãe adora muito. Só vende coisa de gente morta. Tudo das pessoas que morreram e que os herdeiros não entenderam, está lá. Tem coisa boa pra chuchu. Sempre compro um qualquer.
Mas a minha mãe não dá. Ela compra até guardanapo com as iniciais de gente morta. Acho meio esquisito.
Eu compro brincos de vovó, comprei um relógio de vovô e uma mantegueira de tia velha. Compro broches de vovó. Compro coisas velhas e arranhadas. Mas coisas com iniciais de gente morta não dá.
Tinha um molequinho lindo pedindo dinheiro. O Jean. Fiquei amiga do Jean. Jean tem sete anos mas diz que tem 10. Aí eu disse que eu tinha dez, pra ver se ele falava a verdade. Niqui eu disse que tinha dez ele me disse que tinha trinta. Gênio.
Aí ensinei ele a pedir dinheiro direito. No carisma. Ele me pediu uma moeda. Aí eu falei que normalmente as pessoas vão dizer não. Quando elas disserem que não têm moedas, pergunte se elas têm notas. Vão negar mais uma vez. Aí Jean, você fala assim: poxa tio, se eu fosse seu sobrinho você me daria.
Enquanto isso eu e meu pai aguardávamos a minha mãe, na saga por coisas de gente morta, no parquinho. Jean alternava a mendigagem com umas balançadas ousadas no balanço. Depois que eu ensinei ele a pedir direito, ele largou o balanço e foi trabalhar. Voltou 20 minutos depois e foi balançar. Conseguiu? Oito conto!
Depois pedi pro Jean sentar no meu lugar no parquinho pra que eu fosse buscar um petisco. Ele largou o balanço e falou: então me dá umas moedas. Tá bom, eu dou.
Fui lá e voltei. Ele tava sentadinho todo fofo, e o balanço sem balançar. Parecia de castigo. Cheguei e ele perguntou pelas moedas. Claro Jean, toma aqui.

uhunoviguacu diz:
nao sei onde ele comentou ou se e aciso de blof antifo
uhunoviguacu diz:
tava tetando dojotar sem ler
uhunoviguacu diz:
ainda estou como vc pode perceber
[Constança] diz:
não funcionou, como podemos perceber
uhunoviguacu diz:
acertei essa fdrasde toda
[Constança] diz:
acertou nada
uhunoviguacu diz:
duvudo vc conseguir
[Constança] diz:
eu não consigo
[Constança] diz:
acabei de conseguir!
uhunoviguacu diz:
eu to ninha
uhunoviguacu diz:
nimha
[Constança] diz:
na frase eu não consigo
uhunoviguacu diz:
nimha
uhunoviguacu diz:
nina
[Constança] diz:
ninja
uhunoviguacu diz:
ninha
uhunoviguacu diz:
isso

uhunoviguacu diz:
MARY VOLTOU
uhunoviguacu diz:
DE CUBAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
[Constança] diz:
uhuuuu
[Constança] diz:
tem post?
uhunoviguacu diz:
UIPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
uhunoviguacu diz:
AHAMA
uhunoviguacu diz:
AHAMAHAMAHAMAHAMAHA
[Constança] diz:
parece que ela é nossa amiga.
uhunoviguacu diz:
vamos ler
[Constança] diz:
estavamos com saudades
[Constança] diz:
"Segunda coisa. Vamos maneirar na histeria. A Siri nao vai ganhar o BBB. Eh preciso ter visao historica do programa. Personagens sui generis como ela nao tem folego. A gente se lembra da genial Pink. Cansou. Nao levou. Nenhum time que dispara logo na tabela consegue levar o campeonato. Perde no final. Nao to assistindo, mas me parece evidente que esse eh o bbb mais disputado ever."
[Constança] diz:
adoro quando ela me acalma.
[Constança] diz:
tipo passa a mão na minha cabeça e diz: "calma, querida, vai ficar tudo bem. a siri não vai ganhar o bbb"

A verdade é que essa história de dias ímpares e pares realmente me confunde. Eu sei que a garota gosta de anos ímpares, e eu - não que eu prefira - acho anos pares menos cruéis, digamos assim. Me confunde pensar que os dias pares são meus e os ímpares são dela. Porque eu me enrolo e esqueço, de verdade. E nem sempre eu consigo parar pra escrever, e geralmente quando eu não escrevo ela briga. Daí eu me dei conta que ontem foi dia 31, ímpar, dia dela. E hoje é dia 1, ímpar, dela de novo. Isso é muito bom pra mim, porque alguns meses do ano têm 31 e isso me garante algumas folgas. Mas eu me confundo. E estou aqui. Mais uma vez postando num dia dela.

Tenho memória infalível pra muita coisa. E me confundo em outras. Raciocínio lógico, por exemplo, não tenho. Não sei o que acontece, não é item de fábrica. Sei todas as regras do bom português, me orgulho de ter aprendido a tabuada e de manter, quase intacto, meu aprendizado das aulas de Kumon. Acho que escrevo direito, mas isso me torna exigente, e eu fico cretina com o mau português dos outros. Nunca na minha vida eu aprendi química orgânica, aquela dos carbonos. Nunca na minha vida eu aprendi química at all. Acho realmente muito impressionante que eu tenha passado incólume pelo segundo grau, e depois pelo vestibular. Como ninguém percebeu nada? Lembro do terror que foi, no colégio, aprender números primos e pares. Lembro de ter dito que não entendia, de ter sido levada ao quadro negro pela professora, que me explicou over and over again. E eu continuava sem entender. A vi perder a paciência, a derrota estampada no rosto. Não aprendi. Hoje, sei mais ou menos quais são os primos e quais não são, mas não confio nem um pouco no meu julgamento. Não mesmo.

Nunca aprendi o que era imagem vetorizada. Fiz a mesma pergunta para a Renata, minha amiga que entendia de photoshop. Ele me explicou. Dias depois, esqueci. Não sei se esqueci que já tinha perguntado isso, ou qual tinha sido a resposta, não sei. Perguntei de novo. Ela explicou, exemplificou, desenhou. Esqueci. Perguntei de novo. Renata, sempre tão calma e bem humorada, gritou comigo, dizendo que não aguentava mais me responder aquela p**** de pergunta. Calei a minha boca, entendi que ela não ia mais me explicar e desisti. Nunca aprendi direito a diferença entre in, on e at. Quer dizer, EU SEI A DIFERENÇA, mas não consigo. Sempre erro a colocação, ou quando acerto é meio que no chute. Minha professora de inglês, querida que só ela, se esforçava. Eu dizia: "Don't bother". Ela ria e eu continuava confundindo. O pior é que o meu inglês é bom, uso no trabalho e ninguém nunca reclamou. Mas on, in e at, eu confundo.

E então somos trazidos ao dia de hoje. No trabalho. A equipe da qual eu faço parte é design/conteúdo. Por design, leia-se dois especialistas em montagem de sites, com alto poder de concentração e experts em códigos malucos. Três designers, especialistas em photoshop, em imagens vetorizadas (aquelas, que eu nunca aprendi) e bem treinados naqueles códigos malignos. Html. Malignos. Well, /conteúdo sou eu. Assim mesmo, barra conteúdo. Eu. Especialista em regras de português, em colocação correta de artigos, preposições, acentos e mesóclises. Não que eu use mesóclises. Acho por demais arrogantes. Mas sei quando elas cabem, por assim dizer. Sei que as proparoxítonas são acentuadas e sei dizer quando uma palavra é oxítona, paroxítona ou proparoxítona. Próclise, ênclise, mesóclise. Sei, pra mim é simples. Sei quando as pessoas erram conjugações no subjuntivo. Mas não me façam perguntas de códigos.

Então, por ser a única que vem depois da barra, lá no nome da equipe, e considerando o estado de semi-congelamento a que tenho sido submetida, sou como Blanche Dubois, dependendo da boa-vontade de estranhos. Eu grito, eles me acodem. Porque os códigos me atacam, e eu me confundo. E uma barrinha que eu coloque fora de hora pode tirar o site do ar, e as pessoas não ficarão felizes comigo se eu fizer isso.

Então, surge a pergunta, vinda lá da tecnologia. "Ei, vocês, nerds especialistas em códigos, me dêem uma ajuda?" Era algo relacionado a um div. Outro dia fui apresentada ao conceito de div. Eu perguntei, Julia, aquela dos golfinhos e da granola, com toda a paciência do mundo pôs-se a explicar. Div fecha uma regra, ele monta um código, uma barra, e detremina as características, entendeu? Não. Óbvio que não. Que pergunta!

Mas aí, hoje, eu me vi no meio da conversa que transcrevo a seguir. Não pensem que estou inventando não, porque dada a minha total ignorância do assunto discutido, pus-me a transcrever tudo o que ouvia, em uma janela de texto aberta no meu computador.

"os dois já estão floater, usa a index, pra frente já tá, ele aparece onde na tela? que eu to fazendo como javascript.
bota um div, é muito simples. esse é um div flutuante, onde tiver esse div, eu quero que esse apareça junto, andando junto, flutuante. esse div tem que estar dentro desse, esse vai estar com uma posição dentro desse, pra poder andar junto. já está dentro, que eu quero colocar x y dentro da parada, com um scroll para aparecer invisível. basta colocar esse div relativo a esse. varios divs, java scripts, ele já anda, hoje, mas eu quero que esse aqui que ta flutuando, que aparece aqui dentro
(e nesse momento a figura começa a desenhar, possivelmente o tal div, que ainda desconheço), quando aparece esse div e anda, esse outro aqui já ta andando, mas aí esse div aqui já ta andando, porque eu defino xy disso aqui, não é um java comum, veja bem, se 100 por 100 for aqui, ele aparece, pum, aqui, mas eu quero que ele apareça ali. então eu preciso saber o que o div está no momento, pra eu saber onde alinhar o div e ele ficar flutuando, passando ali.
Não, não é isso que eu quero. eu quero saber a posição de um div que já está na tela. Ele aparece sempre na mesma posição, o primeiro div. sempre vai ser esse lugar. não.
entendeu? entendi. Faz isso aqui. Ok, valeu."


E em algum momento, bem lá no início da conversa sobre os divs todos e por que eles flutuavam ou não, eu me perdi. Parecia que eu estava embaixo d'água, submersa, ouvindo sussurros vindos da superfície. Sons abafados e incompreensíveis. De alguma forma, eles se entendiam. E eu não. Eu era o /conteúdo, ali, isolada do mundo dos códigos. Pensei em, quando a pergunta acabasse, quando eles entrassem em um consenso, perguntar para a adoradora de bichinhos o que era um div. Desisti. Eu me confundo.

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