Coisas que só acontecem com Madame T.
Sábado 11 horas da manhã: acordo. Sábado 12:30h: durmo. Sábado 14h: acordo e penso na vida.
Trabalhei tanto pra que? E agora, o que eu faço da vida? E aonde isso vai dar? Sábado 15h: análise. Existencialismo. Sábado 16h, devidamente analisada, devidamente só, inteira e plena, entendo que é hora do alimento.
Restaurante vegetariano, carro parado em lugar inadequado. Penso que será rápido. Sentei-me em uma mesa grande, pertinho da parede. Até que chega uma pessoa e senta na minha diagonal direita. Pensei logo: hum, essa ai vai querer conversar. Monte de mesa vazia, sai de perto de mim. Não sou sua amiga, não te conheço, acabei de sair da análise e não tô nem aí pra esse seu papo raso. Pensei baixo, mas de alguma forma acredito que o ser humano entendeu.
Aí, eis que olhando de rabo de olho para o ser humano, me deparo com um broche, UM BROCHE, redondo, grande, que dizia: reduzi (espaço para alteração de números, no caso 6) kilos. Pergunte-me como. Nesse momento quase que eu fui até o ser humano despejar feijão sobre seus cabelos.
Aí, o ser humano saca um pote cheio de remédios escrito Herbalife e deixa, estratégicamente, em cima da mesa. Nesse momento eu quase chutei.
E pensei. Se você vier falar comigo tá fudida. Se você vier me vender essa bosta, você vai ouvir. Eu não to boa hoje. Hoje eu to sem saco pra gente medíocre. Completamente sem paciência pro tipo de gente que acha bacana sair com broches sugerindo que pessoas perguntem alguma coisa.
Se você vier falar comigo sobre essa bosta desse produto eu vou dizer que eu tenho uma nutricionista com doutorado e o que ela tem é um discurso chatíssimo que eu não to a fim de ouvir. E eu vou dizer que não adianta nada você emagrecer 6 kilos se você anda com broches escrotos por aí.
Aí eu levantei pra pegar mais coisas. E ela aproveitou o momento pra converter o outro ser humano, na ponta da mesa, coitado. O cara era magro. E ela estava fazendo o discurso contrário ao seu próprio broche. De que o cunhado dela pesava 54 kilos e agora pesa 74 kilos. E perguntou o que o cara fazia e onde o cara morava. E eu perplexa.
O cara estuda música. E o cara dá uma força pro pai nuns eventos que eles fazem na fazenda, que era haras, que era do avô, e que agora é um lugar que eles alugam para que as empresas façam eventos motivacionais para seus funcionários. Aham. Que gente mais média. E a herbalifer calculando se ele teria ou não dinheiro pra ela estudando música.
Ela é distribuidora da herbalife, empresa americana com 27 anos de mercado, com seus produtos desenvolvidos por pessoas da nasa. Juro. Não to inventando.
Aí depois entraram num assunto chatíssimo dos motivos pelos quais ambos não comem carne. Ambos comem peixe.
Bom, se eu tivesse no McDonald´s, teria ganhado os brinquedos do novo McLancheFeliz e não teria ouvido nada, na-da, disso. E nem teria visto um ser humano com aquele broche surreal.
Esse povo que vende essas coisas é diretamente proporcional ao povo que prega Jesus.
Aí, sábado, 17h: dormi outra vez. Sábado às 20h: acordei. E daqui a pouco eu vou dormir, porque a vida é isso: acordar e dormir.
4 Comments:
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Ah, e hoje eu comi o lanche novo do Shrek no Mc - uma bosta. Peperoni não combina com hamburguer, peperomi é um salame chique e salame chique é ruim. Por que comida de pobre não adianta inventar.
Também dormi o dia todo, e sonhyei que eu visitava um mosteiro que nunca vi na vida.
Me dá o telefone do teu analista?