A garota disse que ia me demitir, porque ontem era meu dia e eu não postei nada. Pôxa, eu postei na sexta, e nem era meu dia, isso devia significar alguma coisa. Não significou. Se eu postei no dia dela, problema meu, ela disse. Tem que postar no seu dia. E eu não postei.

Estava trabalhando em casa. Nenhum argumento parece bom o suficiente. Pelos cantos do apartamento, na sala, na cama desarrumada, nas cadeiras, as roupas se acumulam. Uma bagunça generalizada. Mas eu preciso ter foco, desligo a TV e começo meu trabalho. Texto. Mais texto. Escrevo, escrevo e escrevo, mas nada de post, ela reclama. Aparece no msn malcriada, cobrando. E eu, calma, Ana, ainda hoje, mais tarde. Calma, Ana, fui dormir às 4h da madrugada, não deu tempo. Foco. Ana malcriada de novo, dizendo que vai ao cinema e que, quando chegar em casa, quer ver meu post lá, ooops, aqui. E nada. Ela tenta me xingar via internet, eu saio do msn. Hoje é um daqueles dias que ela facilmente ganharia a discussão. Estou cansada, as minhas unhas NÃO estão feitas, e o trabalho persiste. Depois do trabalho, começa a sessão faxina, com roupas sendo guardadas em seus devidos lugares, paninho de pó e aspirador. Depois, planos, ver a reprise do Golden Globe e, alegria alegria, Big Brother. Hoje é dia de paredão.

Então liga a Flávia. A mesma Flávia lá de baixo, que dava ordens à Teresa Cristina, aparece malcriada (será que elas ensaiam na minha ausência???) dizendo que quer ir ao cinema. Mas tem que ser hoje? Eu estou no meio de uma faxina. Ela começa a gritar, literalmente, dizendo que não aguenta a minha desculpa de estar sempre arrumando casa, vejam só. E isso é um golpe sujo, baixo, porque ultimamente a minha casa fica cada vez mais bagunçada, e hoje é o primeiro dia que eu tiro umas horinhas pra realmente me dedicar a tornar o meu environment, por assim dizer, limpo, fofo e cheiroso. Mas também é verdade que eu já usei essa desculpa outras vezes, e Flávia parece incansável. Fazer o quê? Cinema, of course.

Nisso, estamos nós, mais o namorado "príncip", confortavelmente acomodados no Cinemark, trailers em curso, toca o celular. Da Flávia. Adivinha quem é? Ana, a psicótica. Reclama pra caramba, diz que é para ela me passar o telefone e começa: Cadê o post? Cadê o post?

Flávia empaca, dizendo que não quer mais ser nossa amiga porque a gente fez um blog e ela não participa, e que ela vai fazer um só pra ela, especializado em achincalhar as duas garotas. Então ela ganha um post da garota histérica lá de baixo, mencionando as ordens de Flávia à Teresa Cristina. Achei por bem fazer um sobre as ordens de Flávia dirigidas à minha pessoa. Ainda não é a tal homenagem, porque são 1h47 da manhã e eu trabalho dentro de poucas horas. E porque na homenagem eu quero comentar que Flávia disse que filmes de amor a deixam angustiada. Mas esse é um filme tão normal, eu retruquei. Príncip me chamou de cínica. Talvez eu seja, quem sabe. Na homenagem eu quero mencionar que Flávia fala muito durante exibições cinematográficas, mas não chega a me incomodar. Nossos comentários sobre as roupas da Cameron Diaz, a magreza da Kate Winslet (traidora da causa), a cara engraçada do Jack Black e a doçura de Jude Law, aquele que, na vida real, é um perfeito cafajeste. Flávia ficou angustiada. É um filme de amor. Ok. Talvez eu seja uma cínica, talvez não tenha coração. Achei uma graça. Mas só. Flávia usa bolinhas e tem um fusca cor de cereja. Usa termos engraçados como "praticar amizade" e reclama tanto quanto Ana Luiza. Mas isso fica para um outro post.

O filme, by the way, era "O Amor não tira férias". Oscar season mode on. Yay. Mil filmes legais entrando em cartaz.

Os comentários de Flávia e Bruno sobre o filme de amor que a deixou angustiada me fizeram pensar nos filmes que me fizeram chorar. Vou começar a listá-los e, quem sabe, isso vira uma história. Bruno disse que chorou em Impacto Profundo, vejam só. Na hora que vem a onda gigante e engole pai e filha. Não chorei nesse filme.
Devo ser uma pessoa ruim.

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    Provas da minha teoria de que mulheres tendem a se relacionar de maneira neurótica.
    Anónimo said...
    Princip também ficou muito abalado com Sexto Sentido. Chorou como criança, revelou. Ainda bem que não o conhecia naqueles tempos...
    Anónimo said...
    Uma boa cena de morte no cinema é coisa difícil. Quem não chora vendo Impacto Profundo, uma história tocante, com pontos muito relevantes para serem discutidos, embalada como pipoca com pouco sal, realmente tem que rever seus conceitos. A cena de morte descrita no texto é uma das mais tristes de toda história do cinema mundial. Pensem nas outras, tão tristes e belas ao mesmo tempo. Coração Valente, Bonnie e Clyde, Lawrence da Arábia, Oscar e Lucinda, King Kong. Ou pensem naquelas que poderiam existir. Por exemplo, a morte de Madonna em Destino Insólito, Fábio Júnior em Bye Bye Brasil, Dakota Fanning em qualquer filme.

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