Mulher é assim. Sazonal. Cíclica. Hoje eu acordei atrasada pro trabalho. Nunca acordo atrasada pro trabalho. Hoje eu levei muita patada no trabalho. Patas de cavalo. Não costumo levar patadas no trabalho. Aí, hoje, meus olhos enchiam d´água de 30 em 30 minutos. Ciclicamente. Evidenciando que eu estou próxima ao fim de um ciclo. Ao início de outro.
E assim foi o meu dia. Cinza e frio. Aborrecido. Sem brilho. Sem ginga, sem luz.
Contrastando absurdamente com o meu final de semana, que foi ensolarado e colorido. Que teve samba na Mangueira*. Que teve praia com sol, praia com sombra, praia sem protetor solar.
Aí agora, me dei conta de que hoje, dia cinco de novembro, faz dois anos da morte do meu amigo. Dois anos do dia em que uma árvore tombou sobre ele. Ele era meu amigo do samba. Era meu amigo de laranjada misturada com limonada no cone de papel. Era meu amigo de faculdade. Ele dizia que o primo dele que tinha inventado a gíria "maneiro". Ana, sabe maneiro?, ele perguntava. Sei, hãn? Foi meu primo que inventou, ele dizia.
Ele era meu amigo. Um dos meus poucos amigos. Eu sabia o telefone da casa dele, sei até hoje.
Ele era metido a compositor. E ele escreveu uma música horrorosa chamada Pavê de Licor. Sérinho. Pavê de Licor. E eu perguntava pra ele qual era a música mais bonita do mundo e ele dizia: Luiza. A música que me deu nome. Lua, espada nua, e pavê de licor convivendo em harmonia.
Um cara democrático. Um cara que brilhava.
Tá explicado porque eu passei o dia triste. Deve ser coisa do meu subconsciente. Ou de Disus, sei lá. O fim de um ciclo que não recomeça.
*Depois eu conto da Mangueira.
3 Comments:
Mensagem mais recente Mensagem antiga Página inicial
um cara que sacaneanava e se dava bem com todo mundo ao mesmo tempo. que vinha falar com você de manhã - por mais que a sua cara estivesse fechada, com olheiras e mostrasse cansaço - sempre com um sorriso. sempre brincando.
mesmo sendo completamente diferente dele, em todos os aspectos possíveis, impossível era não gostar dele, porque a simpatia estava em tudo o que ele fazia.
um cara legal, engraçado, criativo, inteligente e democrático. e que brilhava. mesmo.
amo.