Criança tem umas coisas engraçadas. Quando eu estava no pré-primário, sei lá, me lembro de um dia, especificamente, em que a professora estimulava as criancinhas – eu entre elas – a dizer todas as cores que o céu podia ter. Enquanto cada um falava, ela escrevia no quadro negro. Todos os azuis foram se acabando, ficaram os cinzas, acabaram-se, falaram do preto, do branco, das cores. A lista ia ficando grande. Eu tinha um trunfo, ia dizer a cor que todos haviam esquecido, que era minha, a cor do céu ao entardecer. Eu levantei o dedo, e esperei pacientemente a minha vez. A professora olhou, apontou para mim e me deu a palavra. E eu disse, bem alto, cheia de certeza: “cor de rosa!”.
Seguiu-se uma gargalhada geral, e eu me encolhi na carteira, encabulada. A professora riu, e disse, com mais certeza ainda: “Não, (madame ç), eu quero que vocês me digam cores que o céu pode ter! O céu não fica cor de rosa.”. Minha voz meio que sumiu, acho que por causa das gargalhadas das outras crianças, e eu desisti de insistir, envergonhada. Um garotinho louro que não vejo há mais de 20 anos, Paulo César, me defendeu. Disse que o céu ficava rosa sim, principalmente em fim de tarde e quando tinha muita poluição, o que era exatamente o caso da cidade siderúrgica onde eu cresci.
Essa história nunca me saiu da memória. E toda vez que eu vejo um céu cor de rosa, eu fotografo.
Tipo esse. E esse.
3 Comments:
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Sou eu o menino tímido, - o anonimo - ,estive sumido, confeço andei por outros blogs e posteis algumas mensagens, me perdoa?
Sabe o que eu sinto falta Ç, sei que não me conheçe, mas do tanto que leio sinto uma certa intimidade para pedir, faça um post sobre você, fale sobre uma tarde, fale sobre um sanduiche, fale sobre o que você vê pela janela. O seu jeito de pensar eu , quase já conheço, como você vive?