Se ela dança, eu danço. Enquanto a garota via bbb, inocente, a barata se revelou e caminhou para o quarto. E a garota se deu conta de que às vezes, sim, faz falta um ser do gênero masculino pra dar o golpe certeiro, daquele que estoura as tripas e deixa aquela gosma nojenta à mostra. Na verdade, mais do que um "se ela dança eu danço", inauguro aqui uma nova seção: Madame Ç sabe, Madame Ç explica.
Eu fui obrigada a morar sozinha antes dela, e é por isso que tenho as manhas. É difícil lembrar de tudo quando a gente dá conselhos. Quando eu disse pra ela que arroz não ficava legal congelado, ou que não é bom congelar e descongelar carne mais de duas vezes, eu sabia o que eu estava falando. Sabia também o que dizia quando ensinei a fazer uma sopa que durasse a semana toda, ou quando providenciei que ela tivesse em casa um processador legal, daqueles coloridinhos de menina, para que a tarefa de picar as paradas de cozinha fosse menos disgusting. Pastinhas rules, eu disse.
Mas dei mole, não entrei no capítulo baratas e outros insetos. E, no meio do bbb, ela se viu desamparada, e cometeu uma série de erros.
Capítulo I - Dos dois tipos de baratas existentes
Primeiro, vamos começar explicando sobre as baratas. Não contem comigo para falar sobre o nome científico, porque pesquisar esses bichos nojentos no google já é um pouco demais. Tudo o que sei veio de observação cuidadosa. Ou umas olhadas rápidas em meio a gritos. Existem 2 tipos de baratas. Uma é cascuda, marrom claro, grandona e ágil. Pode voar, é capaz de avançar na sua direção se sentir cheiro de medo. Essa barata é capaz de olhar pra trás, experiência que eu mesma pude comprovar há cerca de 4 anos atrás, quando testava uma outra teoria: a de que baratas têm memória curta. Tentei acertar uma dessas criaturas na cozinha, e ela escapou. Pensei, se ela tiver memória curta, já já esquece o golpe anterior e eu posso tentar o próximo, certeiro. Ela estava de costas pra mim, e eu me encontrava em uma "confortável" situação de sensação de controle. E a bicha, ainda de costas, se inclinou, meio que olhando de costas. Viu que eu ainda estava ali e correu mais.
O segundo tipo de barata é marrom bem escura, mole, não tem asas ágeis, é mais lenta e mais gordinha. Em comparação com a voadora, é certamente menos atlética. Essa barata, quando explodida com o golpe, causa estrago maior. É mais fácil de ficar dopada com Raid, já que é tranquilo de ser alcançada. Os dois casos têm prós e contras. Eu, pessoalmente, tenho horror às voadoras, principalmente por causa de sua rapidez. É difícil acompanhá-las, geralmente elas desaparecem no espaço de tempo em que você conseguiu alcançar o chinelo ou a vassoura. O que nos leva ao próximo capítulo.
Capítulo II - dos instrumentos para o ataque
Raid, Baygon, SBG, Rodasol: bons instrumentos para deixarem as baratas "de barato", meio lerdas, em transe, grogues, prontas para a etapa dois do procedimento.
Chinelo: Um clássico, que executa bem o seu papel. Especialmente quando utilizado por um homem, uma vez que é preciso se aproximar bastante do inimigo para abatê-lo. Eu tenho nojo, porque meus sapatos são bonitinhos por demais para serem envolvidos pela gosma de tripas de baratas. Meus chinelos inclusive. Depois tem a clássica questão que deve ser lavar um chinelo desses, retirar os restos mortais. Não dá.
Vassoura: Melhor opção, já que garante a distância entre vítima e algoz. A vassoura tem um contra, já que tira um pouco da mobilidade de quem a opera em tão ilustre tarefa. Mas, mais uma vez, qualquer pessoa que tenha passado por aulas de física no colégio, estará apto a desenvolver uma fórmula muito simples, que otimizará as chances de êxito. Velocidade média = delta S sobre delta T. Basta calcular a velocidade média que a bicha se locomove, e qual o espaço que ela deverá percorrer no espaço de tempo que você leva pra erguer e baixar a vassoura, com toda a força. Com os cálculos bem feitos, é possível fechar os olhos e gritar enquanto é desferido o golpe fatal. Costuma ser tiro e queda, e não é recomendado quando existem mais pessoas na casa, e se for no meio da madrugada. Meu pai uma vez ficou muito puto quando foi acordado com o meu grito durante um golpe desses. E, minha gente, não foi legal.
Capítulo III - Das formas de evitar o confronto, ou mesmo minimizar os efeitos
Chão: Recomendo o liso e lavável. Matar barata no carpete exige coragem, falta de preocupação com higiene ou alguém que se disponha a esfregar o chão no seu lugar.
Tampas nos ralos: Pode-se usar filme plástico, envolvendo a tampa do ralo quando a mesma é removível. Funciona bem, e segundo aqueles caras que lutam contra a dengue, protege também do aedes aegypt. Outra opção é um disco de borracha pesado, pra tampar ralos mesmo, à venda em lojas especializadas.
Borracha na porta do apartamento: existe uma borracha, que parece um rodo, que é fixada no pé da porta de entrada dos apartamentos, e evita que tão monstruosas criaturas adentrem o seu lar pela porta da frente, sem serem convidadas.
Redes na janela: muito úteis no caso das voadoras, mas nunca experimentei.
Adendo:
Erros cometidos pela garota e que, se evitados, poderiam ter minimizado o estrago e a tensão.
Madame T, darling, não vou te enganar. Aquele baratão ainda está na sua casa. Você errou não tendo o spray e errou novamente não tampando os ralos. Mas o seu maior erro, anote aí, foi correr na direção contrária. Um especialista em baratas, quando em confronto com um exemplar - principalmente a cascuda, atlética e ágil, jamais deverá perdê-lo de vista, sob o risco de nunca mais encontrá-lo. Quando você correu para o corredor, desceu as escadas e procurou o porteiro, você estava dizendo para o baratão que ela podia se acomodar. E ela fez isso. A essa hora, está em um cantinho escuro, quente e úmido, se alimentando dos restos de comida da sua casa, botando ovos e povoando o lugar. Numa próxima oportundade, tome nota mais uma vez, olho na barata, olho na vassoura, raid, espirro, ela ficou lerda e você calcula a velocidade para o golpe com a vassoura. E faz um post sobre a sua vitória.
Em tempo: Informação importante, que precisa ser levada a sério. Baratas se fingem de mortas. Um golpe nunca é garantido. Tente mais de um, dois, três, até que ela esteja sem pernas, asa, as tripas expostas. Espirre mais Raid, pra garantir. Pegue e jogue no vaso. Se a bicha ficar no chão ou for jogada no lixo, ela revive. Fato.
10 Comments:
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vou imprimir e dar esse tutorial mata-baratas pra minha mãe.
Faz um de lagartixas depois ? Sabe como que é né, casa de veraneio, calor, esses aprendizes de sangue frio gostam de circular por quartos e lençóis das pessoas de bem.
fiquei sabendo que sem querer arebanhei mais uma leitora-viciada para vcs.
sucesso total!
Ah, tá, porque eu leio comentários, inclusive.
Beijocas,
Paula.
Muito prazer, madames.
É a teoria da Evolução, baby, você precisa ficar mudando de veneno, que nem a gente muda de shampoo.
=/
Como que eu não pensei nisso antes!
Por isso acho que aquelas casinhas pretas que a gente esconde em lugares estratégicos não funcionam nadica de nada.
abços
Ronye