It's Britney, bitch.

Pois ontem eu tinha uma tarefa, uma só, uminha. Eu tinha que me postar em frente à televisão às 22h em ponto, pra ver a volta triunfal de Britney ao showbizz. Algo aconteceu, talvez a minha distração com a TV quando acabou Studio 60, e então eu passei pelo Fantástico, assim, só por passar mesmo. Nada no Fantástico me interessa, e tinha a Britney na MTV. E quando de fato eu me dei conta, às 22h06 exatamente, já era tarde demais. Não vi. Vi alguma coisa desinteressante, a performance do Chris Brown com a tal de Rihana, identifiquei finalmente que aquela era a tão falada música “Umbrella” e que não era nada de mais. Descobri, no EuroChannel, um show da Madonna, divino, esplêndido, maravilhoso. Ela cantava “Live to Tell” pregada em uma cruz com uma coroa de espinhos. Madonna sabe tudo.

E eu não vi a Britney. Li em tudo quanto é site agora de manhã que ela decepcionou. O PapelPop diz que ela fez exatamente o que esperavam dela, e que portanto a apresentação foi um sucesso: um vexame. Falam que ela anda gorda, largada, esbaforida. Li no Lixomania uma defesa ferrenha do Klein, dizendo que a culpa do fiasco da Britney era nossa, dos seres humanos. Mas a Britney é humana, pensei. E eu fiquei aqui tentando pensar em como o dia de ontem deve ter sido duro pra ela. Porque se tem uma coisa que eu acho, que eu tenho certeza nessa vida, é que foi o tal término de namoro dela com o Justin Timberlake o início do fim. E essa semana inteira tocou no rádio do meu carro um cd com os sucessos da Britney, sim, porque eu gosto, sim, eu assumo. Britney é brilho.

Ela cantava inocentemente com umas roupas de cheerleader e marias chiquinhas músicas como “Hit me baby one more time” ou “Sometimes”. E aí ela apareceu com o astronauta em “Ooops I did it again”, cantando i’m not that innocent, e eu sei que bem pouco tempo depois o namoro terminou. Rumores davam conta de que ela o tinha traído com um arremedo de dançarino qualquer, e ele, brokenhearted, engatou um namoro longo com a Cameron Díaz, fez uma música cheia de ressentimentos e etc. E então ela se perdeu. Casou em Las Vegas com um amigo de infância, anulou o casamento e lançou “Toxic”, uma das melhores músicas ever*. Continuou fazendo sucesso com “I’m a slave for you” e lembro de ler em algum lugar que ela havia pedido para voltar, mas que Justin não quis. E que ela dessa vez havia sido a brokenhearted. Achou o Kevin Federline e as coisas desandaram de vez. Pra começar ele largou a mulher grávida pra ficar com a Britney. Ela engravidou também e Sean Preston tem apenas alguns meses a menos do que seu irmãozinho por parte de pai. Fez um reality cancelado antes mesmo da estréia, brigou com o marido em um cassino, largou ele, voltou, engravidou de Jayden James. Quase deixou Sean Preston cair enquanto a outra mão, com alguma bebidinha esperta, não derramou uma gota sequer. Chorou na frente dos paparazzi, dirigiu com Sean Preston no colo, deixou ele cair da cadeirinha de alimentação e teve que lidar com o juizado de menores. Eu sou uma boa mãe, dizia, com as crianças apresentando queimaduras de sol. Engordou, perdeu o já quase inexistente senso de estilo. Separou de vez do dançarino/rapper/gold digger e foi vista em companhia de Paris, bêbada e sem calcinha. Roubou o namorado de Paris e brigou para sempre com sua ex-melhor amiga de infância. Brigou com a mãe, fez um testamento deixando tudo para a irmã, inclusive os filhos, e acho até que numa dessas brigas, ela e a mãe se pegaram na porrada mesmo. So low. Baixaria.

Como se não bastasse, bateu em um paparazzi com um guarda chuva e, um ou dois dias depois, entrou em um salão de beleza falando coisas meio sem sentido, pegou uma maquininha perdida por ali e raspou a própria cabeça. Foi parar na rehab. Kevin ficou com os filhos e – pasmem – começou a ser considerado um pai exemplar. O que é um bom referencial nessa vida, né, gente? Perto de uma Britney perdida, até o Marilyn Manson seria um bom role model para as crianças.

E então, Britney precisa de um hit. Precisa de mais do que isso. Precisa de um Extreme Makeover, com direito a What Not to Wear e Supernanny. Cantinho da disciplina pra ela. This is not acceptable, Jojo diria. E ela ficaria ali, sentadinha, durante 25 minutos, um minuto para cada ano de idade dela. Podia tomar umas aulinhas com Katie Holmes sobre estilo e vestir os meninos de marinheiros, para passear pelas ruas de L.A. Podia emagrecer uns quilinhos, mas só porque televisão engorda mesmo. Porque, cá entre nós, ela não está gorda. Ela está assim com eu, assim como você, como uma pessoa normal. Podia cortar os cabelos, ou adotar os dela mesmo, crescendo, curtinhos e bem cortados. Cabelo cresce, hello! Tem é que tratar da pele, porque aquilo ali, sim, é grave, gravíssimo. Abandonar de vez a meia arrastão e as botas de cowboy. Lembrar de usar calcinha, básico. Vestidos abaixo da polpa da bunda, please. Esse comprimento não favorece ninguém, honey. E você ainda tem conserto. Corte o playback da sua vida. Madonna deu banho no show que eu vi ontem, e cantou tudinho. Lance novas músicas, porque eu ainda garanto os downloads. Eu realmente queria ter visto a apresentação.

E então, pensando na Britney, ontem deve ter sido especialmente difícil. Porque o show dela foi alterado no último minuto e ela perdeu os efeitos especiais, que seriam feitos pelo ilusionista Criss Angel, que meu irmão adora. Será que ele faria a memória das pessoas simplesmente se apagar? E ela estava lá, playback fora de sincronia, dançando cansada, seminua, maltrapilha. Levemente gordinha, mas só por causa da televisão. Pra quem pariu duas vezes, sei lá, aquilo ali deve ser a média. O cabelo estava um horror e ela queria, tenho certeza, desesperadamente, agradar. Ser aceita, ser aplaudida, como ela já foi um dia. Mas as pessoas estavam constrangidas, arquiinimiga Paris, mesmo recém saída da cadeia, cheia de brilho, com vestido de oncinha. E o Justin, aquele um, o ex, estava ali, ganhando prêmios. Achei que Britney tomaria um porre pra esquecer, rasparia o cabelo de novo, sei lá. Quão ingênua eu fui. O que ela fez? Saiu sem calcinha. Again. Ooops.

*Na minha modesta opinião. Mas eu também adoro algumas coisinhas de Backstreet Boys e Hanson, desconsiderem.

3 Comments:

  1. Muris said...
    Eu concordo com o Klein: ela só queria agradar, só isso! Coitada, também.
    E gorda? Gorda, obesa, sou eu. Ela é gostosíssima!
    Agora convenhamos que ela se destruiu porque quis. =/ Uma menina que tinha tudo pra dar super certo... tsc tsc. Bem... e deu!
    Anónimo said...
    Então, mas o ponto é exatamente esse: de que nós humanos somos cruéis e esquecemos que ela também é humana. Tratamos ela como um mito, que existe e tal, mas é cruel exigir o mito de alguém que ta tão pancada da cabeça. Ela ta tão pancada da cabeça que, quando ela tenta voltar para o palco desse jeito, também ta tentando consertar o mito sem a pessoa por trás dele. Olha quanta gente equivocada nessa história! É por isso que eu defendo!
    Senior said...
    eu tinha esquecido o quão você escreve bem, puta merda.

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