A garota perguntou, assim, tentando puxar assunto, qual seria o nome que eu teria se eu pudesse escolher. Na verdade, ela já sabia a resposta, eu já disse aos quatro ventos o quanto o meu nome me parece especial e único. Ela achava que sabia a resposta.

Eu poderia novamente dizer que gosto de meu nome, que ele é legal, que eu lido bem com as questões em torno de sua singularidade, etc. Não, tenho outra idéia em mente.


Hoje, se eu pudesse escolher um nome, ou alguns nomes, eu só toparia a brincadeira se, junto à minha escolha, pudesse vir atrelado um sobrenome. E então, para nome, eu quereria Paris. E, naturalmente, para sobrenome, Hilton.

Se Paris Hilton eu fosse, herdeira eu seria. Não precisaria acordar cedo e nem ter hora pra dormir, podia circular entre grandes coquetéis organizados por magnatas gregos e assim, só pra passar o tempo, pegaria um herdeiro de nome bem complicado. Eu seria convidada para o tapete vermelho do Oscar e editoriais em revistas, tudo isso sem precisar demonstrar absolutamente nenhuma habilidade. Eu chegaria com Tinkerbell, minha cachorrinha, de vestido deixando a calcinha meio de fora. Me faria de vítima só porque a Britney me roubou o namorado, logo eu, a única a demonstrar apoio e amizade depois que ela saiu da rehab. Eu faria grandes statements dizendo o que eu penso sobre a morte de golfinhos e a venda de casacos de pele. Faria festas e mais festas, daquelas dignas de neguinho pendurado no lustre. Usaria botas brancas e óculos gigantes, e ninguém teria o topete de me dizer, com sinceridade, que meu nariz toparia feliz uma plastiquinha. Uma semana o cabelo seria curto, na outra, preto e longo. Eu dirigiria bêbada em zigue-zague, e seria presa. Mas, tipo, alguém seria bonzinho e transformaria a minha pena, originalmente de 40 dias, em pouco menos de uma semana. Eu teria aprendido a lição, praticado amizade com as outras presas, prometido emprego de camareira na minha rede de hotéis depois que elas estivessem em acordo com a lei. Eu acordaria entediada numa terça feira às três da tarde, sintonizaria a tv no E! Entertainment Television e assistiria a um E! True Hollywood Story sobre a minha pessoa. Daria gritinhos discordando das fofocas, imaginem, mas depois desistiria deles e deixaria escapar um risinho de canto de boca. 1 a 0, Nicole. Ganhei de novo. Eu soltaria na imprensa notinhas que dissessem que eu estou pensando em adorar gêmeas chinesas. E iria fazer pedicure.

E daí que a minha irmãzinha quer provar que é mais do que uma herdeira e tentar a carreira de estilista? E daí que Britney, mesmo perdida, consiga um momento de consciência e lance mais um álbum, com umas musiquinhas bem divertidas? E daí que a Nicole tenha resolvido virar garota direita e engravidado do namorado, e agora desfile toda cheia de pose e com um barrigão que só perde para o tamanho dos óculos? Eu, Paris, pediria uma limonada suíça, desceria da minha suíte presidencial de um Hilton qualquer espalhado pelo planeta, Tinkerbell a tiracolo. Flertaria com cada um dos empregados e me colocaria ao sol, na beira da piscina.

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    não sou herdeiro...
    mas vamos jantar? :)

    bjs
    Ilma Borges said...
    iiiiiiiihhh

    olha ele!



    gostei dele.


    =)

    janta com ele concon!
    Senior said...
    vc, enquanto hilton fosse seu sobrenome, poderia andar com um pellegrino (sobrenome italiano) desconhecido da midia e poderia ser o hoax do dia.

    topas paris?
    Anónimo said...
    Eu tenho que esconder os objetos cortantes antes de ler seus textos madame Ç, pois eles eu tenho vontade de me matar com tamanha depreÇão

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